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MERCADO DE TRABALHO
Em abril, número de pessoas ocupadas caiu 1%, enquanto salários completaram 16º mês em baixa
Emprego e renda mantêm queda, diz IBGE
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria interrompeu em
abril o movimento de ligeira recuperação no nível de emprego e
voltou a demitir. Em ligeira alta
desde o final do ano passado, o
número de pessoas ocupadas na
indústria caiu 1% em abril em relação a igual mês de 2002. É a primeira taxa negativa desde novembro de 2002, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
Em relação a março, o nível de
emprego ficou 0,9% menor, considerando o dado dessazonalizado, que exclui efeitos típicos de
cada período.
A indústria paulista foi a que
mais contribuiu para tal cenário,
especialmente o ramo de aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, afetado diretamente pelos juros elevados. Em São Paulo,
o número de postos de trabalho
encolheu 2,5% em abril na comparação com o mesmo mês de
2002. No Rio, a queda foi ainda
mais intensa (3,3%), mas o peso
do Estado é relativamente menor.
Salários caem
Em abril, a renda do trabalhador da indústria, medida pela folha de pagamento do setor (inclui
benefícios), completou o 16º mês
em queda. O recuo foi de 7,5% em
relação a abril de 2002, taxa pouco
superior aos 7,3% de março.
De janeiro a abril, os rendimentos dos empregados da indústria
caíram 7%. Já na taxa com ajuste
sazonal houve pequeno crescimento: 0,7% em relação a março.
Segundo Denise Cordovil, técnica do IBGE, a produção do setor
"está passando por um momento
de desaceleração generalizada", o
que já afeta o emprego industrial.
Com a produção retraída e sem
sinais de recuperação no curto
prazo, os empresários passaram a
demitir. Em abril, a produção da
indústria caiu 4,2% em relação ao
mesmo mês de 2002.
Os motivos do aumento do desemprego no setor, afirma Cordovil, são os mesmos que fizeram
frear a produção: juros altos e rendimento do trabalhador em declínio -ambos com efeitos negativos no consumo interno.
Segundo o IBGE, houve queda
disseminada na geração de postos
de trabalho da indústria: 9 das 14
regiões pesquisadas demitiram
mais do que contrataram -o
mesmo ocorreu em 10 ramos de
atividade dos 18 investigados.
Apesar da redução em abril, a
ocupação na indústria ainda se
mostra positiva no acumulado do
ano, com leve alta de 0,2%.
De acordo com Cordovil, o que
tem evitado um desempenho ainda pior do emprego industrial é o
dinamismo de alguns setores da
economia, como a agroindústria e
os ramos voltados à exportação.
(PEDRO SOARES)
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