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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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MERCADO DE TRABALHO

Em abril, número de pessoas ocupadas caiu 1%, enquanto salários completaram 16º mês em baixa

Emprego e renda mantêm queda, diz IBGE

DA SUCURSAL DO RIO

A indústria interrompeu em abril o movimento de ligeira recuperação no nível de emprego e voltou a demitir. Em ligeira alta desde o final do ano passado, o número de pessoas ocupadas na indústria caiu 1% em abril em relação a igual mês de 2002. É a primeira taxa negativa desde novembro de 2002, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em relação a março, o nível de emprego ficou 0,9% menor, considerando o dado dessazonalizado, que exclui efeitos típicos de cada período.
A indústria paulista foi a que mais contribuiu para tal cenário, especialmente o ramo de aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, afetado diretamente pelos juros elevados. Em São Paulo, o número de postos de trabalho encolheu 2,5% em abril na comparação com o mesmo mês de 2002. No Rio, a queda foi ainda mais intensa (3,3%), mas o peso do Estado é relativamente menor.

Salários caem
Em abril, a renda do trabalhador da indústria, medida pela folha de pagamento do setor (inclui benefícios), completou o 16º mês em queda. O recuo foi de 7,5% em relação a abril de 2002, taxa pouco superior aos 7,3% de março.
De janeiro a abril, os rendimentos dos empregados da indústria caíram 7%. Já na taxa com ajuste sazonal houve pequeno crescimento: 0,7% em relação a março.
Segundo Denise Cordovil, técnica do IBGE, a produção do setor "está passando por um momento de desaceleração generalizada", o que já afeta o emprego industrial. Com a produção retraída e sem sinais de recuperação no curto prazo, os empresários passaram a demitir. Em abril, a produção da indústria caiu 4,2% em relação ao mesmo mês de 2002.
Os motivos do aumento do desemprego no setor, afirma Cordovil, são os mesmos que fizeram frear a produção: juros altos e rendimento do trabalhador em declínio -ambos com efeitos negativos no consumo interno.
Segundo o IBGE, houve queda disseminada na geração de postos de trabalho da indústria: 9 das 14 regiões pesquisadas demitiram mais do que contrataram -o mesmo ocorreu em 10 ramos de atividade dos 18 investigados.
Apesar da redução em abril, a ocupação na indústria ainda se mostra positiva no acumulado do ano, com leve alta de 0,2%.
De acordo com Cordovil, o que tem evitado um desempenho ainda pior do emprego industrial é o dinamismo de alguns setores da economia, como a agroindústria e os ramos voltados à exportação. (PEDRO SOARES)


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