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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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VEÍCULOS

Mesmo com queda nas vendas, montadoras não deixam de aplicar reajuste

Carros populares sobem 8,8% no ano

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com as vendas internas em queda, que as obrigou a adotar férias coletivas e a anunciar programas de demissão voluntária para ajustar a produção ao altos estoques, as principais montadoras mantiveram, de janeiro a junho deste ano, a política de reajustes mensais em suas linhas.
De acordo com levantamento da consultoria AutoInforme, em seis meses o aumento médio nos preços dos veículos populares (até 1.000 cilindradas) da General Motors, da Volkswagen e da Ford foi de 8,86%. No mesmo período, os populares da Fiat (única montadora que enviou à Folha a tabela de preços) subiram 8,80%.
O argumento usado pelo setor para os aumentos de preços é a pressão sobre custos, principalmente dos insumos atrelados ao dólar -e que não teria conseguido repassar todos os aumentos.
De forma isolada, na GM o aumento médio do Celta e do Corsa foi de 9,1% no ano. Na Volkswagen, os preços do Polo e do Gol subiram, em média, 8,3%; o Fiesta e o Ka, da Ford, 9,2%, e o Uno e o Palio, da Fiat, outros 8,8%.
Os veículos populares responderam, de janeiro a maio deste ano, segundo a Anfavea (a associação das montadoras), por cerca de 60% das vendas internas de veículos. Juntas, as quatro montadoras detêm cerca de 80% do mercado de populares -compartilham o restante com o Peugeot modelo 206 e o Renault Clio.

Trauma para o setor
A combinação de crédito escasso (com juros altos), perda de renda dos consumidores e contínuo aumento nos preços tem efeito traumático para o setor.
No início do ano, a GM estimava que o mercado interno absorveria 1,65 milhão de carros neste ano -150 mil unidades a mais do que no ano passado. Agora, a previsão não supera 1,4 milhão. Ou seja, além de não vender mais, o mercado interno vai encolher.
Os números da Anfavea atestam essa previsão. De janeiro a maio foram comercializados 450,6 mil veículos (entre nacionais e importados) no mercado brasileiro, 7,4% menos do que as 487,6 mil unidades de igual período do ano passado.
A produção até maio, no entanto, havia aumentado 4,1% (de 730,8 mil em 2002 para 780,6 mil). O aparente descompasso tem uma explicação: o aumento das exportações. Se de janeiro a maio do ano passado foi exportado o equivalente a US$ 1,4 bilhão em veículos e máquinas agrícolas, neste ano o valor chega a US$ 1,9 bilhão, com aumento de 33%.
Não o suficiente para impedir que as montadoras iniciassem o mês de junho com estoque de 170 mil veículos nos pátios, mais do que toda a produção de maio, que foi de 165 mil unidades.
Como alternativa à crise, as montadoras promoveram os chamados "feirões" (vendas com preços e juros subsidiados), o que, segundo os analistas, tem efeito limitado para aliviar os estoques.
A etapa seguinte começa a ser aplicada. Seis montadoras (as quatro grandes, mais Peugeot e Renault) já anunciaram férias coletivas para seus funcionários.
Na semana passada, a GM anunciou a abertura de plano de demissão voluntária para os funcionários mensalistas nas unidades de São José dos Campos, de São Caetano e de Indaiatuba.


Colaborou a Folha Online


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