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VEÍCULOS
Mesmo com queda nas vendas, montadoras não deixam de aplicar reajuste
Carros populares sobem 8,8% no ano
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com as vendas internas
em queda, que as obrigou a adotar férias coletivas e a anunciar
programas de demissão voluntária para ajustar a produção ao altos estoques, as principais montadoras mantiveram, de janeiro a
junho deste ano, a política de reajustes mensais em suas linhas.
De acordo com levantamento
da consultoria AutoInforme, em
seis meses o aumento médio nos
preços dos veículos populares
(até 1.000 cilindradas) da General
Motors, da Volkswagen e da Ford
foi de 8,86%. No mesmo período,
os populares da Fiat (única montadora que enviou à Folha a tabela
de preços) subiram 8,80%.
O argumento usado pelo setor
para os aumentos de preços é a
pressão sobre custos, principalmente dos insumos atrelados ao
dólar -e que não teria conseguido repassar todos os aumentos.
De forma isolada, na GM o aumento médio do Celta e do Corsa
foi de 9,1% no ano. Na Volkswagen, os preços do Polo e do Gol
subiram, em média, 8,3%; o Fiesta
e o Ka, da Ford, 9,2%, e o Uno e o
Palio, da Fiat, outros 8,8%.
Os veículos populares responderam, de janeiro a maio deste
ano, segundo a Anfavea (a associação das montadoras), por cerca de 60% das vendas internas de
veículos. Juntas, as quatro montadoras detêm cerca de 80% do
mercado de populares -compartilham o restante com o Peugeot modelo 206 e o Renault Clio.
Trauma para o setor
A combinação de crédito escasso (com juros altos), perda de renda dos consumidores e contínuo
aumento nos preços tem efeito
traumático para o setor.
No início do ano, a GM estimava que o mercado interno absorveria 1,65 milhão de carros neste
ano -150 mil unidades a mais do
que no ano passado. Agora, a previsão não supera 1,4 milhão. Ou
seja, além de não vender mais, o
mercado interno vai encolher.
Os números da Anfavea atestam essa previsão. De janeiro a
maio foram comercializados
450,6 mil veículos (entre nacionais e importados) no mercado
brasileiro, 7,4% menos do que as
487,6 mil unidades de igual período do ano passado.
A produção até maio, no entanto, havia aumentado 4,1% (de
730,8 mil em 2002 para 780,6 mil).
O aparente descompasso tem
uma explicação: o aumento das
exportações. Se de janeiro a maio
do ano passado foi exportado o
equivalente a US$ 1,4 bilhão em
veículos e máquinas agrícolas,
neste ano o valor chega a US$ 1,9
bilhão, com aumento de 33%.
Não o suficiente para impedir
que as montadoras iniciassem o
mês de junho com estoque de 170
mil veículos nos pátios, mais do
que toda a produção de maio, que
foi de 165 mil unidades.
Como alternativa à crise, as
montadoras promoveram os chamados "feirões" (vendas com
preços e juros subsidiados), o que,
segundo os analistas, tem efeito limitado para aliviar os estoques.
A etapa seguinte começa a ser
aplicada. Seis montadoras (as
quatro grandes, mais Peugeot e
Renault) já anunciaram férias coletivas para seus funcionários.
Na semana passada, a GM
anunciou a abertura de plano de
demissão voluntária para os funcionários mensalistas nas unidades de São José dos Campos, de
São Caetano e de Indaiatuba.
Colaborou a Folha Online
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