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Governo quer divulgar carga tributária por setores
Secretário da Receita admite que quem paga mais tributos são os consumidores
Rachid diz que divulgação incentivaria o consumidor a pedir a nota fiscal, o que
evitaria que o imposto ficasse com o comerciante
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer divulgar a
carga tributária por setor da
economia. A informação foi dada pelo secretário da Receita
Federal, Jorge Rachid, que analisa os números há alguns dias.
De posse dos dados, ele admitiu
que o consumidor paga mais
tributos que a média dos demais agentes econômicos.
"Você há de convir que o consumidor final é quem paga mais
imposto", disse, após reunião
na Câmara dos Deputados.
O secretário, no entanto, voltou a repetir o discurso de que a
carga tributária tem caído. "O
mais importante [dessa discussão] é que o seu imposto diminuiu." Para sustentar a tese,
Rachid lembrou o reajuste da
tabela do Imposto de Renda da
Pessoa Física e a desoneração
da cesta básica e alguns produtos industriais. "Estão fazendo
celeuma sobre essa questão",
disse, ao reclamar de que o debate existiria só no Brasil.
Técnicos da Receita defendem que a divulgação da carga
tributária setorial abriria a possibilidade de o governo explicar
aos contribuintes o real peso
dos impostos na economia.
O professor da Fundação
Instituto de Administração da
USP, André Luiz Sacconato,
afirma que o principal benefício da informação setorial é o
esclarecimento do debate sobre o tema. Ele lembra que são
raras as informações detalhadas sobre o peso dos impostos
por segmento da economia.
Esse benefício, contudo, iria
se restringir às discussões teóricas. Sacconato vê pouco impacto efetivo na arrecadação de
impostos com a medida.
Mas há quem discorde disso
na Receita. O próprio Rachid
disse que uma das possibilidades é usar os números como
forma de incentivar o consumidor a pedir a nota fiscal. Ele indicou que o fisco pode mostrar
a carga sobre o consumo para
explicitar, por exemplo, que o
preço de venda dos produtos já
inclui o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e
Serviços). Para ele, o cliente poderia pedir a nota para evitar
que o imposto pago por ele fosse para o caixa do comerciante,
e não para o poder público.
Cálculo feito pelo TCU (Tribunal de Contas da União) indicou que a carga tributária
manteve trajetória de crescimento no ano passado e alcançou 34,58% do PIB, acima dos
33,92% de 2005.
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