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Operador quer incentivos para virar agente autônomo
DA REPORTAGEM LOCAL
Homens que se "fizeram sozinhos" no mercado, a maioria
dos operadores de pregão não
tem curso superior nem outra
experiência de trabalho.
Sem perspectiva nas mesas
eletrônicas, os que deixam o
pregão tentam se tornar agentes autônomos em corretoras
para negociar o próprio dinheiro ou o de clientes. Para virar
autônomo, precisam pagar
uma mensalidade de cerca de
R$ 5.000 para usar a infraestrutura da corretora, além de
ter certificações do mercado.
Agora, reivindicam um desconto nas taxas da Bolsa e das
corretoras. "Vamos fazer o que
sabemos, que é negociar. Queremos ter um terminal e desconto nas taxas -não estamos
pedindo nada de graça", disse
Carlos Borges, do sindicato.
Masato Hishijima, 36, seguiu
o caminho de autônomo após
deixar a corretora Liquidez, em
fevereiro. "A adaptação é difícil.
É difícil trabalhar com os seus
medos e o seu dinheiro", disse.
Com 15 anos de pregão, Angelo Jarzinski foi desligado da
corretora Ágora em setembro.
Agora, pensa abrir um negócio
ou operar do "home broker".
"Tenho 41 anos e pareço ter 50.
Tem todo um desgaste essa
profissão. Não sei fazer outra
coisa. Poderia ter estudado,
mas não terminei a faculdade."
Claílson Araújo, 40, saiu do
pregão em 2006, mas não conseguiu se recolocar no setor. Há
dois meses virou taxista. "Para
ser autônomo, precisa ter um
dinheiro que não tenho."
Em uma das profissões consideradas mais estressantes, os
operadores querem processar
os empregadores por insalubridade -o ambiente de pregão tinha ruído acima de 120 decibéis; o tolerável são 85.
Segundo o advogado trabalhista Miguel Calmon, há vários
casos de depressão, síndrome
do pânico, alcoolismo, além de
tendinite e problemas na coluna cervical pelo uso do telefone.
"Todos sabem que o pregão é
um ambiente muito nocivo. A
situação deles se equipara à de
mineradores, que são confinados em uma caverna", afirmou
Fabiano Zavanella, advogado
do escritório Rocha Calderon.
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