São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Operador quer incentivos para virar agente autônomo

DA REPORTAGEM LOCAL

Homens que se "fizeram sozinhos" no mercado, a maioria dos operadores de pregão não tem curso superior nem outra experiência de trabalho.
Sem perspectiva nas mesas eletrônicas, os que deixam o pregão tentam se tornar agentes autônomos em corretoras para negociar o próprio dinheiro ou o de clientes. Para virar autônomo, precisam pagar uma mensalidade de cerca de R$ 5.000 para usar a infraestrutura da corretora, além de ter certificações do mercado.
Agora, reivindicam um desconto nas taxas da Bolsa e das corretoras. "Vamos fazer o que sabemos, que é negociar. Queremos ter um terminal e desconto nas taxas -não estamos pedindo nada de graça", disse Carlos Borges, do sindicato.
Masato Hishijima, 36, seguiu o caminho de autônomo após deixar a corretora Liquidez, em fevereiro. "A adaptação é difícil. É difícil trabalhar com os seus medos e o seu dinheiro", disse.
Com 15 anos de pregão, Angelo Jarzinski foi desligado da corretora Ágora em setembro. Agora, pensa abrir um negócio ou operar do "home broker". "Tenho 41 anos e pareço ter 50. Tem todo um desgaste essa profissão. Não sei fazer outra coisa. Poderia ter estudado, mas não terminei a faculdade."
Claílson Araújo, 40, saiu do pregão em 2006, mas não conseguiu se recolocar no setor. Há dois meses virou taxista. "Para ser autônomo, precisa ter um dinheiro que não tenho."
Em uma das profissões consideradas mais estressantes, os operadores querem processar os empregadores por insalubridade -o ambiente de pregão tinha ruído acima de 120 decibéis; o tolerável são 85.
Segundo o advogado trabalhista Miguel Calmon, há vários casos de depressão, síndrome do pânico, alcoolismo, além de tendinite e problemas na coluna cervical pelo uso do telefone.
"Todos sabem que o pregão é um ambiente muito nocivo. A situação deles se equipara à de mineradores, que são confinados em uma caverna", afirmou Fabiano Zavanella, advogado do escritório Rocha Calderon.


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