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Mobilização contra obras de infraestrutura abre crise no país
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Nação com histórico de conflitos, o Peru enfrenta uma forte mobilização social em regiões do interior, principalmente nas áreas de floresta
amazônica, o que dificulta a
atração de investidores em infraestrutura.
Só anteontem, por exemplo,
teve fim violento conflito que
se arrastava havia cerca de dois
meses, marcado pela ocupação
de acessos a rodovias no norte
do país, incluindo um trecho da
Interoceânica (leia mais sobre
os conflitos em Mundo).
No início deste mês, nativos
da região de Bágua Grande reagiram a uma iniciativa da Polícia Nacional de desocupação de
uma rodovia no norte do Peru.
Ao menos 34 pessoas morreram nos enfrentamentos, 24
policiais e dez manifestantes.
A estrada havia sido ocupada
em protesto contra decretos do
presidente Alan Garcia que facilitavam a exploração florestal
da região -medida vista pelos
índios como ameaça aos seus
territórios. Após o confronto, o
governo recuou e pediu a revogação das leis.
Na região sul, onde consórcios liderados por empresas
brasileiras constroem mais de
mil quilômetros da Interoceânica sul, o ambiente é de mais
tranquilidade.
Na sexta, os índios recuaram
e, dada a revogação das leis, desocuparam todas as estradas
bloqueadas. O premiê Yehude
Simõn entregou carta de renúncia a Alan García, o que pode acarretar na dissolução de
todo o gabinete ministerial.
Por outro lado, parte de um
capítulo sangrento da história
peruana, o grupo Sendero Luminoso -responsável por uma
série de atentados terroristas
nos anos 80- perdeu força, o
que viabilizou obras como a Interoceânica. "A organização
ainda existe, mas sem o peso do
passado", diz Alex Astuhuaman, engenheiro da Conirsa.
Investimentos
A revogação dos decretos sobre a exploração da Amazônia
pode a partir de agora afetar os
investimentos em infraestrutura, dizem especialistas. Em
parte, a decisão governamental
de abrir concessões e promover
associações entre agentes públicos e privados garantiu ao
Peru obras para impulsionar o
crescimento do país.
A abertura de campos de petróleo e a construção de hidrelétricas, gasodutos, ferrovias e
rodovias levaram o Peru a um
crescimento de 12% em 2008.
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