São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Mobilização contra obras de infraestrutura abre crise no país

DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

Nação com histórico de conflitos, o Peru enfrenta uma forte mobilização social em regiões do interior, principalmente nas áreas de floresta amazônica, o que dificulta a atração de investidores em infraestrutura.
Só anteontem, por exemplo, teve fim violento conflito que se arrastava havia cerca de dois meses, marcado pela ocupação de acessos a rodovias no norte do país, incluindo um trecho da Interoceânica (leia mais sobre os conflitos em Mundo).
No início deste mês, nativos da região de Bágua Grande reagiram a uma iniciativa da Polícia Nacional de desocupação de uma rodovia no norte do Peru. Ao menos 34 pessoas morreram nos enfrentamentos, 24 policiais e dez manifestantes.
A estrada havia sido ocupada em protesto contra decretos do presidente Alan Garcia que facilitavam a exploração florestal da região -medida vista pelos índios como ameaça aos seus territórios. Após o confronto, o governo recuou e pediu a revogação das leis.
Na região sul, onde consórcios liderados por empresas brasileiras constroem mais de mil quilômetros da Interoceânica sul, o ambiente é de mais tranquilidade.
Na sexta, os índios recuaram e, dada a revogação das leis, desocuparam todas as estradas bloqueadas. O premiê Yehude Simõn entregou carta de renúncia a Alan García, o que pode acarretar na dissolução de todo o gabinete ministerial.
Por outro lado, parte de um capítulo sangrento da história peruana, o grupo Sendero Luminoso -responsável por uma série de atentados terroristas nos anos 80- perdeu força, o que viabilizou obras como a Interoceânica. "A organização ainda existe, mas sem o peso do passado", diz Alex Astuhuaman, engenheiro da Conirsa.

Investimentos
A revogação dos decretos sobre a exploração da Amazônia pode a partir de agora afetar os investimentos em infraestrutura, dizem especialistas. Em parte, a decisão governamental de abrir concessões e promover associações entre agentes públicos e privados garantiu ao Peru obras para impulsionar o crescimento do país.
A abertura de campos de petróleo e a construção de hidrelétricas, gasodutos, ferrovias e rodovias levaram o Peru a um crescimento de 12% em 2008.


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