São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Após reclamações sobre qualidade, país fecha 3 fábricas por motivos de segurança

DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES", EM XANGAI

As autoridades regulatórias chinesas anunciaram ontem ter revogado as licenças de três empresas que exportaram componentes de medicamentos identificados erroneamente e ingredientes contaminados de ração animal aos EUA e a outras partes do mundo.
A decisão surge no momento em que Pequim está tomando a ofensiva, tentando demonstrar que as autoridades do país estão agindo com rapidez para aliviar a preocupação mundial quanto à segurança e à qualidade dos produtos exportados pela China, depois de meses de ordens de recolhimento de produtos defeituosos e de informações sobre produtos chineses defeituosos ou contaminados.
A China ordenou o fechamento da fábrica de glicerina de Taixing, acusada de exportar glicol dietileno, componente ocasionalmente usado na produção de fluido anticongelante, identificado indevidamente como outro produto químico, a glicerina. O glicol dietileno foi usado na produção de um xarope que causou a morte de pelo menos 100 pessoas no Panamá. As autoridades também fecharam dois estabelecimentos suspeitos de adicionar melamina ou outros produtos químicos a alguns de seus produtos. Os ingredientes contaminados de ração animal mataram ou feriram milhares de animais de estimação nos Estados Unidos, levando a uma das maiores ordens de recolhimento do produto na história do país.
O governo também reconheceu ontem que diversas empresas chinesas exportaram frutos do mar contaminados com antibióticos proibidos nos Estados Unidos, mas as autoridades regulatórias afirmaram que o problema não havia sido identificado porque os exportadores não estavam devidamente registrados junto aos inspetores de qualidade do governo.
"O governo chinês dedica grande atenção à solução de problemas quanto à qualidade de produtos, especialmente alimentos", disse Li Changjiang, funcionário da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena.
O anúncio surgiu em meio a um surto de atividade do governo, dirigida principalmente a combater as crescentes críticas ao rótulo "made in China", depois que surgiram informações sobre problemas em ração para animais, creme dental contaminado, pneus defeituosos, baterias para celulares explosivas e brinquedos pintados com tinta que contém chumbo.
Ainda que as autoridades regulatórias tenham contestado as alegações de que as exportações chinesas são problemáticas, Pequim recentemente adotou uma dupla abordagem para lidar com o problema. Por um lado, o governo está prometendo abrangentes mudanças regulatórias, e, ao mesmo tempo, autoridades locais insistem que 99% dos produtos exportados pelo país atendem às normas de qualidade e que a imprensa estrangeira está exagerando as dimensões do problema.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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