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Após reclamações sobre qualidade, país fecha 3 fábricas por motivos de segurança
DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES", EM XANGAI
As autoridades regulatórias
chinesas anunciaram ontem
ter revogado as licenças de três
empresas que exportaram
componentes de medicamentos identificados erroneamente e ingredientes contaminados
de ração animal aos EUA e a outras partes do mundo.
A decisão surge no momento
em que Pequim está tomando a
ofensiva, tentando demonstrar
que as autoridades do país estão agindo com rapidez para
aliviar a preocupação mundial
quanto à segurança e à qualidade dos produtos exportados pela China, depois de meses de ordens de recolhimento de produtos defeituosos e de informações sobre produtos chineses
defeituosos ou contaminados.
A China ordenou o fechamento da fábrica de glicerina
de Taixing, acusada de exportar
glicol dietileno, componente
ocasionalmente usado na produção de fluido anticongelante,
identificado indevidamente como outro produto químico, a
glicerina. O glicol dietileno foi
usado na produção de um xarope que causou a morte de pelo
menos 100 pessoas no Panamá.
As autoridades também fecharam dois estabelecimentos
suspeitos de adicionar melamina ou outros produtos químicos a alguns de seus produtos.
Os ingredientes contaminados de ração animal mataram
ou feriram milhares de animais
de estimação nos Estados Unidos, levando a uma das maiores
ordens de recolhimento do
produto na história do país.
O governo também reconheceu ontem que diversas empresas chinesas exportaram frutos
do mar contaminados com antibióticos proibidos nos Estados Unidos, mas as autoridades
regulatórias afirmaram que o
problema não havia sido identificado porque os exportadores não estavam devidamente
registrados junto aos inspetores de qualidade do governo.
"O governo chinês dedica
grande atenção à solução de
problemas quanto à qualidade
de produtos, especialmente alimentos", disse Li Changjiang,
funcionário da Administração
Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena.
O anúncio surgiu em meio a
um surto de atividade do governo, dirigida principalmente a
combater as crescentes críticas
ao rótulo "made in China", depois que surgiram informações
sobre problemas em ração para
animais, creme dental contaminado, pneus defeituosos, baterias para celulares explosivas
e brinquedos pintados com tinta que contém chumbo.
Ainda que as autoridades regulatórias tenham contestado
as alegações de que as exportações chinesas são problemáticas, Pequim recentemente adotou uma dupla abordagem para
lidar com o problema. Por um
lado, o governo está prometendo abrangentes mudanças regulatórias, e, ao mesmo tempo,
autoridades locais insistem que
99% dos produtos exportados
pelo país atendem às normas
de qualidade e que a imprensa
estrangeira está exagerando as
dimensões do problema.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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