São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Crise de energia afeta setor industrial na Argentina

Produção em junho diminui 0,1%, e especialistas temem novas desacelerações

Desde maio, governo impõe restrições ao consumo elétrico das indústrias, que precisam economizar até 50% durante 8 horas por dia

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Os efeitos da crise energética vivida pela Argentina desde o fim de maio frearam o crescimento da indústria do país em junho, segundo o Estimador Mensal Industrial divulgado pelo Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos).
Em junho, a atividade industrial recuou 0,1% em relação a maio. Na comparação com junho do ano passado, houve um crescimento de 5%, abaixo dos 6,4% observados nos primeiros seis meses do ano em relação ao primeiro semestre de 2006.
O Indec atribui o resultado a "certas condições particulares ocorridas durante o mês em estudo -fatores climáticos atípicos, conflitos sindicais, restrições energéticas em alguns setores industriais".
Desde o fim de maio, o governo vem aplicando diariamente restrições ao consumo elétrico pelas indústrias, que têm de economizar até 50% durante oito horas por dia. Nas semanas mais frias, como a passada, as restrições se ampliam também ao fornecimento de gás, que é redeslocado das indústrias para os usuários residenciais.
O resultado do Indec para junho gera temores de uma desaceleração ainda maior em julho, quando as restrições foram mais fortes e freqüentes. No mês passado, a meta tinha sido a de economizar 1.200 MW por dia; na semana passada, a mais fria do ano até agora, esse índice foi elevado para 1.600 MW, quase 10% do consumo diário de eletricidade no país.
Para evitar restrições ainda maiores às indústrias, o governo lançou o programa "Energia Total", que consiste em fornecer combustíveis líquidos subsidiados, ao mesmo preço do gás natural, para as indústrias gerarem energia e operarem suas máquinas. O programa entrou em funcionamento no fim da semana passada e tem duração prevista de 90 dias.
Os números do Indec para junho mostram recuos em praticamente todos os setores. O mais acentuado foi na indústria química (-10,3% em relação a maio), mas também houve retrocesso nas indústrias têxtil (-1,8%) e metálica (-4,6%).
Como resultado do desempenho em junho, o segundo trimestre de 2007 registrou crescimento na atividade industrial de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O índice não era tão baixo desde o primeiro trimestre de 2005, que registrou a mesma variação em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
O crescimento interanual de 6,4% não foge muito à média do que vinha sendo registrado no resto deste ano, mas é bem inferior aos 8,3% de crescimento com que a atividade industrial fechou o ano de 2006.
Analistas temem que as restrições à atividade industrial incidam negativamente sobre a velocidade do crescimento do PIB. Os dados sobre a expansão da economia em junho só devem ser divulgados no mês que vem. Nos cinco primeiros meses, o PIB cresceu 8,2% em relação a igual período de 2006.


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