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Crise de energia afeta setor industrial na Argentina
Produção em junho diminui 0,1%, e especialistas temem novas desacelerações
Desde maio, governo impõe restrições ao consumo elétrico das indústrias, que precisam economizar até 50% durante 8 horas por dia
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Os efeitos da crise energética
vivida pela Argentina desde o
fim de maio frearam o crescimento da indústria do país em
junho, segundo o Estimador
Mensal Industrial divulgado
pelo Indec (Instituto Nacional
de Estatística e Censos).
Em junho, a atividade industrial recuou 0,1% em relação a
maio. Na comparação com junho do ano passado, houve um
crescimento de 5%, abaixo dos
6,4% observados nos primeiros
seis meses do ano em relação ao
primeiro semestre de 2006.
O Indec atribui o resultado a
"certas condições particulares
ocorridas durante o mês em estudo -fatores climáticos atípicos, conflitos sindicais, restrições energéticas em alguns setores industriais".
Desde o fim de maio, o governo vem aplicando diariamente
restrições ao consumo elétrico
pelas indústrias, que têm de
economizar até 50% durante
oito horas por dia. Nas semanas
mais frias, como a passada, as
restrições se ampliam também
ao fornecimento de gás, que é
redeslocado das indústrias para
os usuários residenciais.
O resultado do Indec para junho gera temores de uma desaceleração ainda maior em julho, quando as restrições foram
mais fortes e freqüentes. No
mês passado, a meta tinha sido
a de economizar 1.200 MW por
dia; na semana passada, a mais
fria do ano até agora, esse índice foi elevado para 1.600 MW,
quase 10% do consumo diário
de eletricidade no país.
Para evitar restrições ainda
maiores às indústrias, o governo lançou o programa "Energia
Total", que consiste em fornecer combustíveis líquidos subsidiados, ao mesmo preço do
gás natural, para as indústrias
gerarem energia e operarem
suas máquinas. O programa entrou em funcionamento no fim
da semana passada e tem duração prevista de 90 dias.
Os números do Indec para
junho mostram recuos em praticamente todos os setores. O
mais acentuado foi na indústria
química (-10,3% em relação a
maio), mas também houve retrocesso nas indústrias têxtil
(-1,8%) e metálica (-4,6%).
Como resultado do desempenho em junho, o segundo trimestre de 2007 registrou crescimento na atividade industrial
de 6,1% em relação ao mesmo
período do ano passado. O índice não era tão baixo desde o primeiro trimestre de 2005, que
registrou a mesma variação em
relação ao primeiro trimestre
do ano passado.
O crescimento interanual de
6,4% não foge muito à média do
que vinha sendo registrado no
resto deste ano, mas é bem inferior aos 8,3% de crescimento
com que a atividade industrial
fechou o ano de 2006.
Analistas temem que as restrições à atividade industrial
incidam negativamente sobre a
velocidade do crescimento do
PIB. Os dados sobre a expansão
da economia em junho só devem ser divulgados no mês que
vem. Nos cinco primeiros meses, o PIB cresceu 8,2% em relação a igual período de 2006.
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