São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Queda de commodities afeta Vale e Petrobras

No ano, ações da mineradora acumulam baixa de até 21,9%, e as da petrolífera, de até 13%, ante perda de 6,10% da Bovespa

Alta do dólar no exterior afeta cotação de matérias-primas e prejudica empresas na Bolsa; oferta de papéis abaixo do esperado reduz preço da Vale

DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Vale e da Petrobras, as duas vedetes do mercado acionário brasileiro, têm enfrentado pregões bastante desanimadores. Na semana passada, as ações estiveram entre os papéis do índice Ibovespa que mais perderam. No ano, o resultado de ambas também não é nada empolgante.
A recente perda de fôlego das commodities metálicas e do petróleo é um dos motivos que explicam o mau desempenho dos papéis nos últimos pregões. A grande dúvida do investidor agora é se as ações dessas empresas já se ajustaram o suficiente ou se ainda há ladeira para descerem.
O desempenho dos papéis da Vale no ano são piores que os da Petrobras. A ação ON (ordinária) da empresa tem perdas de 21,87% em 2008; a PNA (preferencial "A") recuou 20,18% no período. Para a Petrobras, as quedas em 2008 são de 13,03%, nas preferenciais, e de 11,90%, nas ordinárias.
Todos esses papéis sofrem com perdas bem superiores à baixa acumulada pela Bovespa no ano, que é de 6,10%.
"Petrobras e Vale podem ainda ficar um pouco devagar no segundo semestre, especialmente se compararmos com a expectativa para outros setores, como o bancário e o de consumo. Mas esses são papéis que todo gestor gosta de ter na carteira", avalia Rafael Moysés, gestor da corretora Umuarama.
Apenas na semana passada, as ações ON da Vale caíram 8,29%, e as PNA recuaram 6,49%. Os papéis ON da Petrobras perderam 6,97% na semana, e os PN, 5,91%.
"Mas a Vale tem conseguido acertar importantes reajustes de preços. E a Petrobras vai ter novas explorações para concretizar em um futuro próximo", afirma Moysés.
Um ponto que colaborou para prejudicar o desempenho da Vale na última semana foi a oferta de ações que realizou. Como os valores das novas ações ficaram abaixo dos praticados no mercado, acabaram por derrubar os preços dos papéis na Bolsa. Além disso, o volume captado decepcionou, ao ficar abaixo das estimativas.
A empresa mineradora levantou com a oferta de ações cerca de US$ 12,1 bilhões, quando se falava no mercado na possibilidade de a operação alcançar os US$ 15 bilhões.
A fraqueza demonstrada por essas ações assusta muita gente que tem economias investidas nelas apenas por causa do FGTS. Em agosto de 2000, aproximadamente 335 mil trabalhadores utilizaram parte de seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para adquirir ações da Petrobras. No caso da Vale, o mesmo ocorreu em março de 2002.
Segundo levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), até o dia 15, os fundos FGTS/ Petrobras registravam desvalorização de 6,28% no ano. Para os fundos FGTS/Vale, a perda era mais expressiva, de 16,49%.
Esses fundos ainda contam com patrimônios elevados, de R$ 9,6 bilhões, no caso de FGTS/Petrobras, e de R$ 6,36 bilhões, no caso de FGTS/Vale. No ano, juntos, os saques líquidos desses dois fundos alcançam cerca de R$ 900 milhões, segundo a Anbid.
"O investidor tem de ficar atento às informações internacionais, porque, se o dólar se aprecia lá fora, acaba por derrubar o valor das commodities no mercado. E as ações de Vale e Petrobras acabam sendo afetadas negativamente por esse tipo de movimento, como temos visto nos últimos pregões", afirma Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
(FABRICIO VIEIRA)


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