|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula afirma que caixa dois quebrou bancos públicos
Instituições como o Banespa foram "praticamente
doadas, vendidas a troco de nada", diz presidente
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao discursar ontem em encontro do Conselho Diretor do
Banco do Brasil, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva culpou a irresponsabilidade gerencial pela venda de bancos
públicos. Sem citar nomes, afirmou que alguns políticos usaram essas instituições para fazer caixa dois em campanhas e
deu o exemplo do Banespa.
"Talvez [se sinta] arrependimento no Brasil porque bancos
importantes como o Banespa
foram praticamente doados,
vendidos a troco de nada. Jogou-se em cima dos bancos a irresponsabilidade dos governantes que gerenciavam esses
bancos ou que muitas vezes
usavam esses bancos para fazer
os caixas dois da vida em época
de campanha eleitoral. Por isso
que todos os bancos públicos
estavam quebrados."
Apontado como um dos responsáveis pela quebra do Banespa, o ex-governador de São
Paulo Orestes Quércia é hoje
um dos maiores aliados dentro
do PMDB do governador José
Serra (PSDB), pré-candidato a
presidente em 2010. Quércia
sempre negou responsabilidade pela crise do banco.
O Banespa foi vendido para o
Santander por R$ 7 bilhões em
2000, seis anos depois de sofrer
intervenção do Banco Central.
Sua venda foi cercada de suspeitas, a ponto de levar à criação de uma CPI na Câmara dos
Deputados, em 2001. A comissão indiciou diretores e funcionários do Banco Central pela
manipulação contábil do balanço de 1994 com "motivação
exclusivamente política".
Em 2007, 20 ex-gestores do
Banespa foram condenados à
prisão pelo Tribunal Regional
Federal da 3ª Região sob acusação de gestão temerária no Banespa nos anos 90.
Lula criticou as tentativas de
privatização do Banco do Brasil
e da Caixa Econômica Federal e
disse que só agora o país tem a
dimensão da importância da
manutenção de bancos estatais
fortes. Afirmou que parte dos
problemas enfrentados pelo
presidente norte-americano,
Barack Obama, dá-se pelo fato
de não ter um banco público.
"Tenho participado de G14,
G20 e sei a diferença de presidentes que têm bancos públicos e os que não têm e que se
deixaram levar pelas teorias da
década de 90 de que o mercado
resolveria os problemas."
Choque de gestão
Lula criticou ainda o chamado "choque de gestão", marca
de governos tucanos. O governador de Minas Gerais, Aécio
Neves (PSDB), é um dos que assumiram em 2003 propondo e,
depois, colocando em prática o
mecanismo.
"Costumam dizer que o Estado é um mau gerente, que empresa pública está mal administrada e falam que precisa de
choque de gestão. Choque de
gestão no Brasil é mandar gente embora, é reduzir o custo da
folha de pagamento", disse o
presidente.
Texto Anterior: Empresários se mostram confiantes pela 1º vez no ano Próximo Texto: BB coloca R$ 150 mi em fundo para pequena e média empresa Índice
|