São Paulo, terça-feira, 21 de julho de 2009

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Empresários se mostram confiantes pela 1º vez no ano

Índice de Confiança do Empresário Industrial, da CNI, alcança patamar pré-crise

Para economista, percepção da crise acabou; no entanto, indicadores sobre retomada na produção do setor ainda são contraditórios

Joel Silva - 10.out.06/Folha Imagem
Operário trabalha em fábrica de máquinas agrícolas em Sertãozinho, no interior de São Paulo

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pela primeira vez neste ano, o empresariado está confiante na economia do país. O Icei (Índice de Confiança do Empresário Industrial) alcançou 58,2 pontos em julho -a pontuação varia de zero a cem, sendo que os valores acima de 50 apontam otimismo. O índice é medido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Em relação à última pesquisa, em abril, o índice apresentou alta de 8,8 pontos e já está no mesmo patamar do período pré-crise, com aumento de 0,1 ponto ante julho de 2008.
"Acabou a percepção de crise, em princípio. Agora, esperamos que essa recuperação possa se materializar em números e no aumento da produção da indústria", afirmou o economista da CNI Marcelo Souza Azevedo.
O ICEI revela agora que as empresas de todos os portes já se mostram otimistas com o cenário econômico. Em abril, esse otimismo se fazia sentir somente entre as grandes -o índice de confiança nesse conjunto passou de 51,8 pontos para 59,4 no mês passado.
Já as pequenas e médias, que estavam pessimistas em abril, recuperaram a confiança, cujo índice chegou a 56,2 e 58,5 pontos, respectivamente.
Para Azevedo, as grandes empresas, que foram as primeiras a sofrer o golpe da crise global, no ano passado, conseguiram fazer os ajustes necessários para retomar a trajetória de crescimento.
"São empresas que sofreram muito porque são as que mais exportam e as que mais tomavam crédito no exterior, mas estão em recuperação", disse.
O otimismo também se generalizou entre os setores analisados. Dos 27 segmentos industriais analisados na pesquisa, somente 2 não estão confiantes: couros e madeira.
Para o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, as medidas tomadas pelo governo para estimular o crescimento, a recuperação dos mercados externos, ainda que gradual, e o ciclo de redução da taxa de juros explicam o clima de maior confiança. "A tendência é que essa confiança se sustente, embora possa haver um ou outro mês negativo."

Sinais contraditórios
Alguns indicadores que medem a atividade industrial mostram sinais de estagnação. Em junho, a indústria paulista deve apresentar crescimento zero, de acordo com o SPI (Sinalizador da Produção Industrial) da FGV (Fundação Getulio Vargas). Também no mês passado, o fluxo de caminhões pesados nas rodovias, outro indicador de produção, caiu 2,4%, a primeira queda desde janeiro, segundo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias).
"É normal, no momento de saída de uma crise, que os indicadores se mostrem contraditórios. Mas isso é reflexo da diferença setorial", disse Pessoa.
Além dos setores de bens de capital e intermediários, aqueles ligados à exportação também enfrentam maiores dificuldades, daí a permanência de expectativas negativas no setor de calçados e madeira.
A LCA projeta queda de 9,6% na produção da indústria em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado.


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