São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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EM TRANSE

Ministro e presidente do BC vão a NY pedir crédito para empresas; bancos da Ásia, da Europa e dos EUA foram convidados

Malan e Armínio vão aos bancos na segunda

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, viajam aos EUA no próximo final de semana com a missão de convencer banqueiros estrangeiros a reabrir linhas de financiamento para as exportações brasileiras.
A princípio, será uma reunião, na segunda-feira pela manhã, na sede do Fed (o banco central americano) de Nova York, na qual estarão representantes dos "bancos que têm o maior peso nos negócios com o Brasil, seja por sua presença aqui [no país", seja pelo número de linhas que nos oferecem", disse ontem Armínio. Foram convidados banqueiros americanos, europeus e asiáticos.
Diante das incertezas geradas pelas eleições brasileiras e por fatores externos, como a crise dos balanços das empresas americanas e o calote argentino, bancos estrangeiros congelaram ou reduziram as linhas de financiamento às exportações brasileiras.

Diferente de 1999
Armínio ressaltou, no entanto, que as conversas não seguirão a mesma linha dos encontros que ele teve com banqueiros estrangeiros em 1999, após a crise cambial de janeiro daquele ano.
A equipe econômica quer desta vez que as instituições "sinalizem o desejo de manter ou ampliar seus negócios com o Brasil", que não se limitem apenas à restauração do crédito comercial.
O presidente do BC negou que a viagem tenha sido decidida porque o acordo com o FMI não teria trazido os resultados desejados, que seriam a queda do dólar e a reabertura das linhas de financiamento ao comércio exterior.
Disse que o encontro com os banqueiros já estava acertado antes do fechamento do programa com o Fundo. Segundo Armínio, era necessário que, antes das conversas com bancos, houvesse a confirmação do empréstimo do FMI e do compromisso dos principais candidatos à Presidência com as premissas econômicas previstas no acordo com o Fundo.

Recompra de dívida
O presidente do BC informou também que a recompra de títulos da dívida externa poderá ultrapassar os US$ 3 bilhões previstos inicialmente. Já foram recomprados US$ 2,5 bilhões.
Armínio disse ainda que a meta de superávit primário (receita menos despesa, sem incluir gastos com juros) acertada com o FMI poderá ser aumentada ou reduzida a partir do ano que vem. A meta acertada foi de superávit primário "não inferior" a 3,75% do PIB de 2003 a 2005. Contudo a meta será reavaliada a cada trimestre do ano que vem. É nessas revisões, disse Armínio, que a meta poderá ser alterada, tanto para cima quanto para baixo.
Armínio considerou "excelentes" os encontros que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve anteontem com os candidatos à sua sucessão, no Palácio do Planalto, para discutir os termos do acordo com o Fundo.
"As reuniões, de fato, foram excelentes, confirmando que existe um entendimento da importância de construir uma base de tranquilidade para que o próximo presidente possa trabalhar e se dedicar a desenvolver o país, sem se preocupar com esse tipo de turbulência [no mercado financeiro" que nós enfrentamos hoje", disse.


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