São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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Fundos rendem mais; saques já são menores

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O pacote de medidas anunciado pelo Banco Central na quarta-feira passada com o objetivo de diminuir a oscilação e os resgates nos fundos já está surtindo efeito.
Os dados divulgados ontem mostram que, no dia 16, segundo dia pós-pacote, os resgates dos fundos diminuíram e a rentabilidade superou a do DI (Depósito Interbancário, título de referência da renda fixa).
Segundo levantamento do site Fortuna, no dia 16 a captação líquida (aplicações menos retiradas) dos fundos DI ficou negativa em apenas R$ 22 milhões. De junho até o dia 15, a média diária de saídas de recursos da categoria estava em R$ 363,3 milhões.
Nos fundos de renda fixa, no dia 16 a captação líquida ficou negativa em R$ 249,9 milhões, contra uma média diária de R$ 463,4 milhões no mesmo período.
O ganho dos fundos também subiu. A rentabilidade média dos fundos DI nos dias 15 e 16 foi de 0,19%, contra um retorno de 0,14% no DI nos mesmos dias. O rendimento médio dos fundos de renda fixa nesses dias foi de 0,2%.
Na quarta-feira passada, foram anunciadas duas medidas. Os gestores não precisam mais contabilizar os títulos em carteira com prazo de menos de um ano pelo valor de mercado, como havia sido determinado no final de maio pelo BC. Isso agora pode ser feito com base na curva de juros prometida pelo emissor.
A outra medida é que o BC fará, periodicamente, leilões de recompra de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), principal papel que lastreia a carteira dos fundos.
A maioria dos gestores ouvidos pela Folha diz que não pretende deixar de fazer a marcação a mercado e que a melhora na rentabilidade dos fundos e, consequentemente, da captação deve-se, principalmente, aos leilões de recompra de títulos, aos quais o BC deu início na sexta-feira, dia 16.
"Estávamos num círculo vicioso em que os saques afetavam o rendimento dos títulos, que, por sua vez, levavam a mais saques. Os leilões trouxeram liquidez ao mercado, cortando esse círculo", diz Alexandre Póvoa, diretor da ABN Amro Asset Management.
"Com os leilões, o deságio dos títulos vem diminuindo e contaminando positivamente o mercado secundário. Desde sexta-feira, o preço dos papéis só tem melhorado", afirma Wilson Risolia, diretor da Caixa Econômica Federal.


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