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Ipea avalia ação como cautelosa
e resultante da crise industrial
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O corte de 2,5 pontos percentuais na taxa de juros não pôs em
risco a política de "gradualismo"
do presidente do BC, Henrique
Meirelles, na avaliação de economistas do Rio.
Para o diretor do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada)
Paulo Levy, o BC agiu de forma
"cautelosa", em resposta aos baixos níveis de atividade econômica
observados nos últimos meses e à
trégua da inflação. "O setor industrial estava reagindo pior do que o
esperado ao movimento de alta
da taxa de juros iniciado no fim
do ano passado", disse.
O professor do Grupo de Conjuntura da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro) Antônio Licha endossa a avaliação de
Levy: "Desde o momento em que
a inflação começa a convergir para a meta de 2004, o governo não
perde a fama de conservador ao
fazer um corte um pouco maior
da taxa [de juros]".
Para ele, a redução da taxa Selic
foi na medida e resultado da influência política do ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, sobre
Meirelles. "Se o corte tivesse sido
maior, haveria risco de especulação do mercado, principalmente
de câmbio, e de fuga de capitais."
O coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros,
também aprovou a decisão do
Copom. Ele lembrou que o Brasil
não corre risco de pressão inflacionária nos próximos meses.
"O BC continua tomando decisões de forma gradual. O fato é
que ele vem adotando cortes cada
vez maiores mensalmente. Podemos dizer que ele tem sido gradual no aumento da sua audácia."
Para Paulo Levy, o corte da Selic
terá impactos imediatos sobre a
oferta de crédito e decisões de investimento, mas deverá percorrer
um longo caminho até que influencie os níveis de emprego.
Segundo Levy, a taxa de desemprego (12,8% em julho) só deverá
ter queda significativa após a retomada da produção da indústria.
Em nota divulgada ontem, a Firjan (Federação das Indústrias do
Rio de Janeiro) afirmou que a redução da Selic "aumentou a probabilidade de um cenário de início de recuperação do nível de atividade a partir do último trimestre do ano". A entidade, no entanto, cobrou do governo que a redução da taxa seja complementada
por estímulos ao investimento.
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