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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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Ipea avalia ação como cautelosa e resultante da crise industrial

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O corte de 2,5 pontos percentuais na taxa de juros não pôs em risco a política de "gradualismo" do presidente do BC, Henrique Meirelles, na avaliação de economistas do Rio.
Para o diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Paulo Levy, o BC agiu de forma "cautelosa", em resposta aos baixos níveis de atividade econômica observados nos últimos meses e à trégua da inflação. "O setor industrial estava reagindo pior do que o esperado ao movimento de alta da taxa de juros iniciado no fim do ano passado", disse.
O professor do Grupo de Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Antônio Licha endossa a avaliação de Levy: "Desde o momento em que a inflação começa a convergir para a meta de 2004, o governo não perde a fama de conservador ao fazer um corte um pouco maior da taxa [de juros]".
Para ele, a redução da taxa Selic foi na medida e resultado da influência política do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre Meirelles. "Se o corte tivesse sido maior, haveria risco de especulação do mercado, principalmente de câmbio, e de fuga de capitais."
O coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, também aprovou a decisão do Copom. Ele lembrou que o Brasil não corre risco de pressão inflacionária nos próximos meses.
"O BC continua tomando decisões de forma gradual. O fato é que ele vem adotando cortes cada vez maiores mensalmente. Podemos dizer que ele tem sido gradual no aumento da sua audácia."
Para Paulo Levy, o corte da Selic terá impactos imediatos sobre a oferta de crédito e decisões de investimento, mas deverá percorrer um longo caminho até que influencie os níveis de emprego.
Segundo Levy, a taxa de desemprego (12,8% em julho) só deverá ter queda significativa após a retomada da produção da indústria.
Em nota divulgada ontem, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) afirmou que a redução da Selic "aumentou a probabilidade de um cenário de início de recuperação do nível de atividade a partir do último trimestre do ano". A entidade, no entanto, cobrou do governo que a redução da taxa seja complementada por estímulos ao investimento.


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