UOL


São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Decisão faz governo economizar R$ 8,7 bilhões em juros da dívida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A queda dos juros básicos da economia anunciada ontem pelo Banco Central deve permitir que o governo economize cerca de R$ 8,7 bilhões nos próximos 12 meses com o pagamento de juros da dívida pública. A economia só se concretizará, porém, se a taxa Selic for mantida no patamar atual daqui para a frente.
A partir de hoje, a taxa Selic cai de 24,5% ao ano para 22% ao ano. Essa é a taxa que remunera os títulos da dívida pública negociados no país. Portanto, quanto mais alta é a taxa, maiores os juros que o governo tem de pagar.
Atualmente, os papéis do governo federal que circulam no mercado somam R$ 690 bilhões. Desse total, 50,65% são corrigidos pela taxa Selic -o restante é indexado, principalmente, ao câmbio e a índices de preços. Quanto maior a Selic, maior o gasto do governo.
No ano passado, o setor público (União, Estados, municípios e estatais) pagou R$ 114 bilhões com juros. É para pagar esses juros que o governo promove constantes apertos fiscais. Estima-se que, neste ano, os gastos do setor público com juros vão subir para aproximadamente R$ 150 bilhões.

Dívida interna
A dívida interna do governo federal em títulos atingiu em julho novo recorde histórico: R$ 690 bilhões. Preocupado com a possibilidade de um agosto turbulento por causa da votação das reformas, o Tesouro Nacional antecipou para julho a renovação de parte dos papéis que venceriam neste mês, contribuindo para a alta de 3% da dívida ante junho.
Essa variação corresponde a R$ 20 bilhões a mais no estoque de papéis públicos no mercado. "Estávamos esperando uma alta volatilidade em agosto porque é um mês importante para as reformas", disse o coordenador-adjunto da Dívida Pública do Ministério da Fazenda, Ronnie Tavares.
A primeira semana do mês chegou a ser marcada por alta instabilidade no câmbio. O Tesouro Nacional até cancelou o primeiro leilão de papéis do mês devido ao alto grau de volatilidade.
Além da antecipação para julho de parte da rolagem prevista para agosto (R$ 5,5 bilhões) e do crescimento natural da dívida, a alta de 3,26% do dólar no mês passado ajudou na elevação do endividamento. O efeito negativo do câmbio foi de R$ 2,9 bilhões.
Apesar do recorde, o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que julho foi um mês positivo, porque o governo conseguir aumentar a parcela de títulos prefixados na composição da dívida interna, reduzir o nível de exposição cambial e ainda diminuir os vencimentos de papéis de curto prazo.
O volume de prefixados aumentou de 4,48% para 6,31% entre junho e julho. Isso é positivo para o governo, pois a definição prévia da taxa a ser paga ao comprador do papel dá maior previsibilidade.
No caso da exposição cambial, houve redução de 29,05% para 28,55% no período. Ou seja, a parcela da dívida interna atrelada à variação do dólar está menor. Desde julho de 2001, quando estava em 27,76%, o nível de exposição cambial não era tão baixo. A maior parcela da dívida interna, porém, é corrigida pela taxa Selic.


Texto Anterior: Lojas já anunciam redução nas taxas
Próximo Texto: Na "cola" do BC, bancos baixam juors também
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.