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Decisão faz governo economizar
R$ 8,7 bilhões em juros da dívida
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda dos juros básicos da
economia anunciada ontem pelo
Banco Central deve permitir que
o governo economize cerca de
R$ 8,7 bilhões nos próximos 12
meses com o pagamento de juros
da dívida pública. A economia só
se concretizará, porém, se a taxa
Selic for mantida no patamar
atual daqui para a frente.
A partir de hoje, a taxa Selic cai
de 24,5% ao ano para 22% ao ano.
Essa é a taxa que remunera os títulos da dívida pública negociados no país. Portanto, quanto
mais alta é a taxa, maiores os juros
que o governo tem de pagar.
Atualmente, os papéis do governo federal que circulam no mercado somam R$ 690 bilhões. Desse total, 50,65% são corrigidos pela taxa Selic -o restante é indexado, principalmente, ao câmbio e a
índices de preços. Quanto maior a
Selic, maior o gasto do governo.
No ano passado, o setor público
(União, Estados, municípios e estatais) pagou R$ 114 bilhões com
juros. É para pagar esses juros que
o governo promove constantes
apertos fiscais. Estima-se que,
neste ano, os gastos do setor público com juros vão subir para
aproximadamente R$ 150 bilhões.
Dívida interna
A dívida interna do governo federal em títulos atingiu em julho
novo recorde histórico: R$ 690 bilhões. Preocupado com a possibilidade de um agosto turbulento
por causa da votação das reformas, o Tesouro Nacional antecipou para julho a renovação de
parte dos papéis que venceriam
neste mês, contribuindo para a alta de 3% da dívida ante junho.
Essa variação corresponde a R$
20 bilhões a mais no estoque de
papéis públicos no mercado. "Estávamos esperando uma alta volatilidade em agosto porque é um
mês importante para as reformas", disse o coordenador-adjunto da Dívida Pública do Ministério da Fazenda, Ronnie Tavares.
A primeira semana do mês chegou a ser marcada por alta instabilidade no câmbio. O Tesouro
Nacional até cancelou o primeiro
leilão de papéis do mês devido ao
alto grau de volatilidade.
Além da antecipação para julho
de parte da rolagem prevista para
agosto (R$ 5,5 bilhões) e do crescimento natural da dívida, a alta
de 3,26% do dólar no mês passado ajudou na elevação do endividamento. O efeito negativo do
câmbio foi de R$ 2,9 bilhões.
Apesar do recorde, o chefe do
Departamento de Operações do
Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que
julho foi um mês positivo, porque
o governo conseguir aumentar a
parcela de títulos prefixados na
composição da dívida interna, reduzir o nível de exposição cambial e ainda diminuir os vencimentos de papéis de curto prazo.
O volume de prefixados aumentou de 4,48% para 6,31% entre junho e julho. Isso é positivo para o
governo, pois a definição prévia
da taxa a ser paga ao comprador
do papel dá maior previsibilidade.
No caso da exposição cambial,
houve redução de 29,05% para
28,55% no período. Ou seja, a parcela da dívida interna atrelada à
variação do dólar está menor.
Desde julho de 2001, quando estava em 27,76%, o nível de exposição cambial não era tão baixo. A
maior parcela da dívida interna,
porém, é corrigida pela taxa Selic.
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