São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Mercado se concentra em discurso de Bernanke

Ativos tem flutuado com expectativa de juro dos EUA

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro global vai encarar uma semana de agenda econômica relativamente fraca. De mais relevante para os investidores internacionais, haverá um discurso do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, na sexta-feira.
Como os vaivéns das expectativas dos investidores em relação ao futuro da política monetária norte-americana têm mexido com os ativos financeiros (como ações, moedas e títulos de dívida) fortemente desde maio, o discurso de Ben Bernanke tem tudo para agitar os mercados.
Na quinta-feira, a divulgação do número de novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA será acompanhada de perto pelo mercado. O indicador pode dar uma idéia de como anda o aquecimento econômico norte-americano.
Se a maior economia do mundo estiver aquecida, pode levar o Fed a voltar a elevar os juros do país. Isso porque um cenário desses pode estimular o crescimento da inflação.
O Fed manteve os juros básicos americanos em 5,25% na reunião que realizou no começo deste mês.
Na semana passada, foram conhecidos os índices de inflação ao produtor e ao consumidor norte-americanos -PPI e CPI na sigla em inglês, respectivamente.
Os dados mostraram inflação abaixo das projeções dos analistas financeiros, o que foi favorável ao mercado.
A Nasdaq -Bolsa eletrônica que reúne as ações de empresas de alta tecnologia- registrou na semana passada valorização de 5,15%, seu melhor desempenho semanal em três anos. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, ganhou 2,64% no período.
No Brasil, o melhor humor dos investidores também foi sentido, com a Bolsa de Valores de São Paulo computando alta de 1,64% na última semana.
"Os índices de inflação norte-americana divulgados ficaram em linha com a expectativa do mercado, possibilitando uma boa recuperação da Bovespa", afirmam os analistas da Link Corretora. "Mas apesar da melhora do cenário, a volta de fluxo estrangeiro ainda está muito aquém do esperado. Ao que parece, muitos investidores estão esperando uma redução da volatilidade para voltar ao mercado local", completa.

Estrangeiros
O saldo mensal dos negócios realizados pelos investidores estrangeiros na Bovespa estava positivo até o dia 10 em R$ 216,49 milhões. Mas acabou por virar nos dias seguintes. Segundo o último dado disponibilizado pela Bolsa paulista, os estrangeiros mais venderam que compraram ações, até o dia 16, em R$ 696,04 milhões.
Os estrangeiros começaram a sair da Bolsa doméstica em maio, após o Fed elevar os juros e avisar que o processo de elevação da taxa poderia seguir ainda por algum tempo.
Como os estrangeiros respondem por cerca de um terço dos negócios feitos na Bovespa, o fato desse segmento estar mais vendendo que comprando ações acaba por afetar o desempenho do mercado acionário brasileiro.
Internamente, os investidores estarão atentos à divulgação do IPCA-15 na quarta-feira. O índice sinaliza em quanto o IPCA poderá fechar neste mês.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é o índice utilizado pelo Banco Central para acompanhar a meta oficial de inflação.
Se o índice de preços se mostrar bem comportado, amplia as chances de a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, seguir sendo reduzida. A Selic está em 14,75% anuais.


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