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Bancos adiam revisão do IPCA de 2007
Instituições financeiras, que esperam inflação na meta de 4,5% ou abaixo, devem deixar revisão para o ano que vem
Decisão de adiar queda das projeções deve significar uma pressão menor sobre o Banco Central pela redução da taxa básica de juros
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre setembro e outubro,
economistas de instituições financeiras consultadas pelo
Banco Central costumam ajustar suas projeções para a inflação do ano seguinte. Mas, desta
vez, muitos analistas estão jogando para 2007 a revisão da
expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) do ano que vem.
Como o Banco Central usa as
expectativas do mercado em
seus modelos para definição da
taxa de juros, caso as projeções
para a inflação recuassem a
partir de setembro, a taxa básica de juros poderia cair mais
para atingir a meta de 4,5%, estipulada pelo governo.
"A nossa projeção só será alterada à medida que se conheça
mais o caminho que o Banco
Central adotará para a queda
da taxa Selic, e que os fatores de
curto prazo passem a ser mais
relevantes que a política monetária na determinação da inflação, o que só tende a ocorrer
por volta de março do ano que
vem", diz Sérgio Werlang, diretor do Banco Itaú.
Dentro do atual consenso de
mercado, a projeção da inflação
para 2007 do Itaú é 4,5%.
"Como o Banco Central tem
mostrado enorme persistência
em atingir o centro da meta, e
há tempo suficiente para que a
queda da taxa Selic possa ser
escolhida de forma que o centro da meta seja obtido, nada
indica que devamos ter uma
projeção para 2007 diferente
do centro da meta", diz Werlang. "Uma expectativa abaixo
da meta faz com que, no modelo usado no Itaú, as taxas de juros possam cair mais para que a
meta de 4,5% seja atingida."
Para Caio Megale, economista da Mauá Investimentos, diferentemente dos anos anteriores, as instituições financeiras vão demorar para rever a
projeção para 2007 por causa
dos preços administrados, como tarifas públicas, que são
preços muito influenciados pela inflação do ano anterior.
"A inflação não está surpreendendo para baixo. O IGP
[Índice Geral de Preços] está
compatível com a meta de
4,5%", diz Megale, que também
estima 4,5% no IPCA de 2007.
No ano passado, as projeções
começaram a cair por causa dos
preços administrados. O IGP
mostrou-se muito mais baixo
do que o esperado, e economistas reduziram a projeção de administrados para 2006, e, conseqüentemente, a do IPCA. "As
projeções de administrados para 2007, em torno de 4%, são
justas; dificilmente teremos revisões antes de 2007", diz.
O Bradesco, porém, prevê
que a inflação do ano que vem
deve ficar "abaixo da meta novamente, em torno de 4,30%",
segundo relatório do Departamento de Pesquisas e Estudos
Econômicos do banco.
"Se economistas começarem
a baixar suas expectativas para
4,4%, 4,35%, o BC terá mais um
incentivo para baixar a taxa de
juros, mas não acho que isso vá
ocorrer até a próxima reunião
do Copom [Comitê de Política
Monetária]. Sem esse incentivo
adicional, o BC já vem sinalizando uma redução de 0,25
ponto percentual, o que é uma
pena. Há espaço para cair meio
ponto", diz Megale. "Depois, o
Copom deve cortar mais 0,25
ponto percentual por reunião,
até o fim do ano", afirma.
"Minha expectativa pessoal é
uma queda de 0,5% e duas de
0,25%. Este é o meu ponto de
vista, e não o do Banco Itaú",
observa Werlang.
Nem ele, que foi diretor do
Banco Central e introdutor do
regime de metas no Brasil, sabe
qual o peso das expectativas
nos modelos usados hoje pelo
BC. "Não tenho idéia de como o
Banco Central faz." Para Werlang, a autoridade monetária
deveria abrir seus modelos.
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