São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Poucos sabem o que é a conta governamental

DA AGÊNCIA FOLHA, EM LUNARDELLI

Uma forma que o agricultor familiar tem para se livrar do pagamento de taxas e tarifas bancárias ao obter empréstimo do Pronaf é por meio da chamada conta governamental. Mas essa modalidade é pouco utilizada ou desconhecida dos produtores agrícolas.
Em Lunardelli (391 km ao norte de Curitiba), agricultores ouvidos pela Folha afirmaram não terem sido informados pelo Banco do Brasil da possibilidade de sua utilização. No sistema de conta governamental, o agricultor movimenta o valor recebido no empréstimo do Pronaf com um cartão específico e sem o pagamento de taxas e serviços bancários.
"É constrangedor. Você orienta o agricultor a buscar a conta governamental, explica seus direitos e depois tem de agüentar o desespero deles com taxas e exigências", afirma Carlos César de Oliveira, técnico da Emater em Lunardelli.
A utilização de conta normal para o Pronaf gera outros gastos para o agricultor familiar. Depois de pagar um empréstimo em 2005, Francisco Pereira dos Santos foi surpreendido, no início deste ano, com uma cobrança de R$ 1.600. Ele pensava que, ao quitar o empréstimo, seu vínculo com o banco havia acabado. Na semana passada, depois de intermediação dos técnicos da Emater, Santos fez um acerto com o banco, pagando R$ 200 por tarifas e taxas de manutenção atrasadas.
"O Banco do Brasil aproveita a fragilidade econômica e cultural do pequeno agricultor e extrapola. A maioria é semi-analfabeta, chega amedrontada ao banco, assina o que eles mandam e depois paga a conta", afirma Deusdedit Achiles Catabriga, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Lunardelli.
Adoniram Sanches Peraci, secretário Nacional de Agricultura Familiar, afirma que é necessária uma campanha maciça de sindicatos e entidades ligadas à agricultura familiar para esclarecer o direito do agricultor à conta governamental.
(JOSÉ MASCHIO)


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