São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo deixará no exterior parte dos recursos de óleo do pré-sal, diz Mantega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para evitar aumentos da inflação e uma valorização do real ante o dólar, o governo brasileiro deixará no exterior parte dos recursos obtidos com as exportações do petróleo retirado da camada do pré-sal, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda). Ele também estimou entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões o valor das reservas de petróleo descobertas a mais de 7.000 metros de profundidade e informou que até o final de setembro o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definirá o modelo de exploração dessas reservas.
Segundo entrevista de Mantega ao programa de rádio oficial "Bom dia, Ministro", uma parcela do dinheiro arrecadado no pré-sal entrará no país para financiar a educação, prioridade já definida pelo presidente.
Outra parcela dos recursos, no entanto, terá que ficar no exterior, provavelmente depositada no FSB (Fundo Soberano do Brasil), instrumento que o governo quer ver aprovado pelo Congresso até o final do ano.
"Uma parte do resultado das exportações não poderá entrar no país porque causará inflação ou valorização excessiva do real, prejudicando os exportadores e causando a chamada "doença holandesa'", disse.
Um aumento muito grande nas exportações implica uma troca de dólares por reais. Esse movimento eleva a quantidade de dinheiro na economia e pode ter impacto sobre os preços. O outro impacto ocorre na taxa de câmbio, pois, quando há muito dólar para ser trocado por reais, a cotação despenca.
A referência do ministro à "doença holandesa" diz respeito ao efeito que um aumento nas exportações de petróleo pode ter sobre a desindustrialização do país e excessiva dependência de apenas uma fonte de recursos. Mantega esteve ontem com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir pressa na aprovação do projeto do FSB. A proposta do governo trancará a pauta da Câmara no início de setembro.
Se o fundo não for criado neste ano, disse ele, a economia extra de R$ 14,2 bilhões que o governo fará terá que ser usada para abater a dívida pública e não poderá ser destinada ao FSB, como previsto inicialmente. "Prefiro que esse dinheiro fique guardado como poupança [em vez de ser usado para abater a dívida]", disse Mantega. Além de prioridade para o FSB, o ministro da Fazenda também pediu que os deputados avancem na discussão do projeto que limita das despesas com pessoal, em tramitação há um ano e meio, e na reforma tributária.
Mantega explicou que apenas após a aprovação da reforma é que o governo levará adiante a proposta de aumentar o número de alíquotas do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
No programa de rádio, o ministro insistiu na tese de que a inflação já está caindo e que o aumento de juros feito pelo BC (Banco Central) não será suficiente para conter o crescimento da economia. Mantega também defendeu a manutenção da meta de inflação em 4,5% nos próximos anos e disse que os trabalhadores brasileiros estão conseguindo realizar muitos de seus sonhos.


Texto Anterior: Soja é "perigosa" como matriz de energia, diz Lula
Próximo Texto: Sistema norueguês prevê forte ação estatal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.