São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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MERCADO ABERTO

Brasileiros ganham espaço na InBev

A ascensão de ex-executivos da AmBev no comando da InBev começa a causar polêmica na Bélgica, onde fica a sede da cervejaria belgo-brasileira. O alvoroço foi provocado pela notícia de que o português radicado no Brasil Miguel Patrício, ex-diretor de marketing da AmBev e há um ano diretor da InBev no Canadá, irá assumir o comando das operações da empresa na Bélgica e em Luxemburgo a partir de 1º de janeiro de 2006.
Além disso, a InBev também anunciou que o colombiano radicado no Brasil Juan Vergara, ex-diretor da AmBev, foi promovido a diretor de Compras da InBev e ainda passou a ser o quinto executivo a fazer parte do comitê executivo da cervejaria belgo-brasileira. O comitê executivo da InBev passa a contar, também a partir de 1º de janeiro de 2006, com cinco brasileiros, três norte-americanos e seis europeus, além de três belgas.
A nomeação dos dois ex-executivos da AmBev mereceu críticas por parte da imprensa belga. O jornal econômico "L'Echo" publicou editorial ontem com o seguinte título: "Os sul-americanos tomam o poder na InBev".
No texto, o "L'Echo" considera emblemático o fato de a direção da InBev ter sido confiada, pela primeira vez, a um não-belga. O anúncio da troca de comando foi feita pela InBev por meio de uma nota interna, na qual comunica a saída de Frédéric Radiguès, nomeado para a posição em janeiro passado, e a sua substituição por Miguel Patrício.
De acordo com o jornal econômico, essa troca caracteriza uma mudança no centro de gravidade nas decisões da InBev da Europa para o continente americano, apesar de o peso dos acionistas belgas e brasileiros permanecer quase equivalente e o conselho de administração ter confirmado recentemente a manutenção de sua sede na Bélgica.
O "L'Echo" afirma, no entanto, que a gestão operacional do grupo torna-se cada vez mais sul-americana, principalmente depois da nomeação de Juan Vergara para o comitê executivo da empresa. As alterações no comando coincidem também com outras mudanças na empresa, como o fechamento de algumas fábricas na Europa.
A InBev é resultado da fusão ocorrida em agosto do ano passado da brasileira AmBev com a belga Interbrew.

CENTRO LATINO
O laboratório farmacêutico Roche acaba de concluir no Brasil um projeto que torna a operação brasileira em um centro de serviços para todas as unidades da empresa na América Latina. Com investimentos de US$ 21 milhões, o "Harmony", como foi batizado pela empresa, irá unificar atividades como recursos humanos, financeiro, logística e informática. "Dessa forma, as unidades podem concentrar esforços na atividade final da empresa, que é o mercado de remédios", explica Eduardo Benedetti, diretor do centro de serviços compartilhados da empresa. A escolha do Brasil foi feita em razão da disponibilidade de tecnologia e de mão-de-obra qualificada. A iniciativa, inédita na empresa, poderá ser aplicada no futuro também nas unidades de negócios na Europa.

BC À CUBANA
A FGV acaba de voltar de Cuba. O professor Pedro Carbone treinou durante cinco dias diretores, gerentes e técnicos do BC cubano em gestão de pessoas por competências.

VISÕES OPOSTAS
Duas posições opostas sobre aquecimento global estarão no Espaço Cultural CPFL, em Campinas, nos dias 26 e 29 deste mês. O economista australiano Warwick Mckibbin dirá que o Protocolo de Kyoto não trará benefícios para o Brasil, e o físico alemão Klauss Heilonth defenderá a substituição dos combustíveis fósseis.

EFEITO KATRINA
A ajuda às vítimas do furacão Katrina refletirá nas exportações brasileiras de não-tecidos e tecidos técnicos, diz a Abint (associação da indústria de nãotecidos e tecidos técnicos). Tais produtos serão usados em produtos da construção civil.

DE VENTO EM POPA
O risco-país do Brasil caiu de 463 pontos no final de 2003 para 367, um dos melhores índices desde que o indicador começou a ser calculado. O resultado se deve certamente à melhora dos fundamentos da economia, mas não só a isso. A excepcional liquidez no mundo colaborou bastante para essa queda. O risco de todos os países emergentes também desabou, em igual ou maior proporção que o do Brasil. O índice geral de emergentes (sem Argentina) caiu de 311 no final de 2003 para 252. O do México, de 199 para 133. O da Turquia caiu de 309 para 253. Até o da Venezuela, de Hugo Chávez, caiu, de 593 para 346.

CAPACITAÇÃO
Após pesquisas com seus profissionais, a Confenar, maior rede de distribuição e logística de bebidas do país, inicia nova fase na parceria com o Ibmec São Paulo para a capacitação dos trabalhadores. Uma primeira turma de 30 alunos que trabalham em distribuidoras da entidade completou o primeiro módulo oferecido pela instituição de ensino. Anteriormente, dois cursos com status de MBA já haviam sido realizados, com programa e carga horária maiores, o primeiro em 2004. "Nossa meta é a profissionalização de todo o processo, da gestão até quem trabalha nos pátios", afirma Ataíde Gil Guerreiro, presidente da Confenar.


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