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FOSSO
Contra desigualdade, Bird recomenda acesso a crédito e políticas antidiscriminatórias e pede fim de subsídios nos países ricos
Banco prega "revolução pró-mercado"
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os economistas do Banco Mundial descartam uma "revolução à
cubana" para diminuir os níveis
de desigualdade em países como
o Brasil. Dizem preferir o que chamam de "revolução paciente e
pró-mercado".
O problema é que, além das recomendações diretas que fazem
aos próprios países, todas as demais sugestões que envolvem o
trabalho da própria instituição
são contrárias ao que pensam
seus principais sócios -os países
ricos, tendo os EUA à frente.
Na lista de sugestões do Bird há,
por exemplo, dois pontos centrais
absolutamente contrários ao que
pregam os países desenvolvidos,
como a permissão para que um
maior número de imigrantes de
nações pobres trabalhe no mundo
rico e a liberalização do comércio
mundial com o fim dos subsídios
agrícolas.
O Banco Mundial também sugere o aumento da ajuda financeira aos países mais pobres. Na semana passada, durante reunião
das Nações Unidas em Nova
York, por pressão dos EUA os
países-membros do órgão não
adotaram um compromisso mais
firme nesse sentido em documento final do encontro.
Mas as principais recomendações do Bird são no sentido de que
os próprios países interessados
adotem reformas capazes de reduzir os níveis de desigualdade.
O economista Michael Walton,
co-autor do estudo, insere o Brasil
na categoria de países que poderão diminuir suas iniqüidades sociais "no longo prazo", mesmo levando em conta a massificação de
programas de renda mínima aos
mais necessitados.
Na sua opinião, países como
Coréia do Sul, Indonésia e China
já fizeram ou vem fazendo esse
trabalho de maneira mais veloz
por meio de "grandes esforços"
na área educacional.
Em uma perspectiva histórica,
Walton afirma que EUA e Canadá, por exemplo, estavam há cem
anos em condições semelhantes
às das demais nações latino-americanas.
Segundo ele, os dois países se
desenvolveram rapidamente utilizando as mesmas políticas que o
banco recomenda hoje: mais serviços básicos, acesso a crédito, infra-estrutura e terra e políticas antidiscriminatórias.
O economista Francisco Ferreira afirma que, no caso brasileiro, é
"insustentável" qualquer esforço
de aumentar a ajuda social por
meio de uma elevação da carga
tributária, já muito alta.
Hoje, boa parte do gasto dito
"social" no Brasil não chega necessariamente às pessoas mais necessitadas, já que nessa conta estão incluídos as despesas com a
Previdência Social.
"O sistema previdenciário precisa de uma reforma ampla para
que haja uma redefinição dos
subsídios", diz Ferreira.
As mudanças previdenciárias
aprovadas no primeiro ano do
governo Lula são consideradas
insuficientes para atingir esses
objetivos.
(FERNANDO CANZIAN)
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