São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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Estrangeiro não poderá minerar na Venezuela

PETER WILSON E ALEX KENNEDY
DA BLOOMBERG

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou que vai suspender as concessões de mineração a empresas estrangeiras e que planeja criar uma estatal que explore o ouro e as demais reservas minerais do país sul-americano.
"Não há mais concessões minerais", declarou Chávez, de acordo com comunicado do Ministério das Comunicações e Informação. "Temos de dar meia-volta."
As ações das mineradoras que continuam operando na Venezuela despencaram. A Crystallex International sofreu queda de 48% antes que a negociação de seus papéis fosse suspensa no pregão. A Gold Reserve teve baixa de 27,3%.
Chávez, cujo país é o quinto maior exportador mundial de petróleo, está procurando obter mais controle sobre o setor de mineração, mais ou menos da mesma maneira que ele agiu com relação ao setor petroleiro, declarou Vitali Meschoulam, analista da HSBC Securities USA, de Nova York. Chávez elevou unilateralmente os impostos e os royalties sobre as empresas petroleiras por duas vezes, nos últimos 12 meses, e revisou dezenas de contratos com produtores estrangeiros.
"A nova medida parece semelhante ao que Chávez vem fazendo com o setor petroleiro, o que poderia ser resumido como "vocês fazem as coisas como queremos ou não farão coisa nenhuma" ", disse Meschoulam.
Chávez, 51, que está visitando uma usina hidrelétrica no Estado de Bolívar, sudeste do país, não informou se as concessões existentes serão revogadas.

Produção de ouro
A Venezuela é o quinto maior produtor de ouro da América do Sul. O país, que produz cerca de dez toneladas anuais de ouro, vem procurando ampliar sua indústria mineradora. A Venezuela dispõe de depósitos exploráveis de ouro, diamante, minério de ferro, bauxita e metais não-preciosos.
Uma porta-voz da Associação Mineradora se recusou a comentar sobre as declarações do presidente. Richard Marshall, porta-voz da Crystallex, sediada em Toronto, que está desenvolvendo o depósito de ouro de Las Cristinas, não foi localizado ao telefone, para comentar.
"Não aceitaremos pressões de ninguém", afirmou Chávez. "As empresas de qualquer parte do mundo que não gostarem do que está acontecendo aqui, que não pagarem impostos ou não quiserem responder pelos prejuízos ambientais causados, podem fazer as malas e sair do país."
As ações canadenses da Crystallex caíram em 1,51 dólar canadense, ou 48%, para 1,65 dólar canadense, antes que a operação fosse suspensa. As ações da empresa nos EUA caíram US$ 1,32, ou 48,5%, para US$ 1,40. As da Gold Reserve caíram 27,3%, para US$ 2,56, enquanto as da Hecla Mining caíram 8%, para US$ 3,91.


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