São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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Pacote eleva dívida dos EUA para US$ 11,3 tri

Total previsto para papéis podres será de US$ 700 bi

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O pacote que o governo de George W. Bush negocia com o Congresso norte-americano prevê um aumento do limite de endividamento público do país de US$ 10,6 trilhões para US$ 11,3 trilhões. Prevê ainda um total de US$ 700 bilhões a ser gasto com a compra de papéis podres de instituições financeiras em dificuldade.
Os detalhes vazaram na manhã de sábado, após o governo enviar o plano aos congressistas. Espera-se que o projeto entre em discussão já no fim-de-semana. A intenção do governo é que ele seja votado antes do recesso eleitoral do Congresso, previsto para começar na sexta-feira. "Vou trabalhar com o Congresso para a aprovação rápida de uma lei", disse Bush ontem pela manhã.
O plano dá plenos poderes ao governo para comprar créditos ruins de qualquer instituição financeira pelos próximos dois anos, até o limite de US$ 700 bilhões. O valor é US$ 200 bilhões maior do que esperavam os políticos. Se aprovado o plano, que não deve evitar uma recessão na economia, será a maior operação-resgate conjunta realizada nos EUA desde a Depressão dos anos 30.
Autoriza um salto de igual valor no limite da dívida do país para acomodar o gasto extraordinário. O valor da dívida hoje é de US$ 9,6 trilhões, com o limite de US$ 10,6 trilhões. "O pacote é grande porque o problema é grande", afirmou Bush. "Vou trabalhar com democratas e republicanos para tirar nossa economia dessa situação difícil e colocá-la de volta no caminho do crescimento."
O documento, de duas páginas e meia, foi enviado aos líderes dos comitês financeiros do Congresso na noite de sexta. Nele, o Tesouro norte-americano pede que seja autorizado a comprar papéis relacionados a hipotecas que tenham sido emitidos até 18 de setembro de 2008 de toda instituição financeira que tenha sede nos EUA.

Poder ampliado
Segundo o projeto obtido por agências de notícias, prevê ainda imunidade legal nesses 24 meses ao departamento em relação a processos relacionados às negociações, o que amplia sobremaneira os poderes do Tesouro e de seu titular, Henry Paulson. Se confirmado, deve ser um dos pontos mais polêmicos na votação.
Outro ponto é o desejo já expresso por políticos democratas de acrescentar medidas de ajuda à classe média e ao mutuário inadimplente ao pacote, o que pode alongar sua votação. Indagado sobre essa possibilidade no sábado, Bush afirmou: "Quanto mais limpa [for a medida], melhor".


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