São Paulo, terça, 21 de outubro de 1997.




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Diretor da Gessy diz que serão lançados nomes mundiais no Brasil
Marca pesa mais que a metade do negócio, avalia especialista

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

Mais da metade dos US$ 930 milhões que a Unilever vai pagar para a Philip Morris pela compra da Kibon se refere à aquisição da marca, que é originariamente brasileira.
"Uma marca pode valer US$ 500 milhões, como é o caso da Kibon, ou até mais. E a melhor maneira de avaliá-la é identificar o potencial de receita que ela pode gerar na sua categoria", diz Francisco Madia de Souza, diretor-presidente da Madia Associados, que avalia marcas.
No caso da Kibon, diz ele, é muito fácil identificar o peso da marca. "Se um dos picolés mais famosos da empresa fosse comercializado sem a embalagem da Kibon, "certamente a venda do sorvete cairia no mínimo pela metade."
A Gessy Lever informa que o grupo tem marcas mundiais importantes que poderão vir ao país -como Wall's, Algida, Eldorado, Cornetto e Magnun-, mas a Kibon continuará sendo o carro-chefe.
Não é para menos. A Kibon é líder no mercado de sorvetes -de 102,02 milhões de litros (US$ 757 milhões) no ano passado, segundo a Nielsen-, com cerca de 60%. Em segundo lugar vem a Yopa (Nestlé), com 17,4%. As outras marcas detêm o restante (22,6%). A Yopa, procurada pela Folha, não quis comentar o negócio.
Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos da Gessy, diz que o fato de o grupo ser um gigante mundial no mercado de sorvetes -venda de US$ 6 bilhões por ano- vai possibilitar o lançamento de vários produtos no Brasil. "Esse é um mercado que depende muito de inovações e tem um grande potencial de crescimento."
O consumo anual per capita de sorvetes no Brasil, segundo a Kibon, é de 1,6 litro. Na Argentina, de 2,9 litros, e nos EUA, de 26.
Rodrigues diz que a Gessy ainda não determinou o valor dos investimentos para a Kibon. "Mas é certo que vamos transformar a empresa num centro internacional de inovação."
A Kibon tem duas fábricas de sorvetes, uma em São Paulo e outra no Rio. Emprega 2.300 pessoas. No ano fiscal encerrado em outubro de 1996, a venda líquida registrada pela Kibon foi de US$ 332 milhões.
Chocolates e balas
A Philip Morris informa que vai concentrar os investimentos no país na Lacta (chocolates), na Suchard (bebidas em pó) e na divisão de cigarros.
"A linha de sorvetes não fazia parte da nossa estratégia de negócio", diz Gilberto Galan, diretor de assuntos corporativos.
Segundo ele, o dinheiro pago pela Unilever à Philip Morris com a compra da Kibon "não ficará necessariamente no país".



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