São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Para analistas, Selic deve ficar em 21%, sem viés; vencimento de opções, hoje, não anima a Bolsa

Reunião do Copom não deve mexer no juro

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O volume de negócios na Bovespa (Bolsa de Valores de São paulo) hoje, dia de vencimento de contratos de opções, deve ser inferior ao de outros vencimentos, segundo operadores.
Na agenda da última semana anterior às eleições destacam-se, ainda, o final da campanha, mais um vencimento da dívida pública atrelada ao dólar -que pode pressionar o câmbio-, a reunião do Copom e novos resultados de empresas norte-americanas.
A fraca expectativa de operadores em relação aos vencimentos de hoje vai na contramão do que costumava acontecer.
A disputa travada entre "vendidos" (que apostam na queda das cotações) e "comprados" (que acreditam na valorização de ações) impulsionava muito os negócios em dias de vencimento.
"Os volumes negociados têm sido muito baixos em relação ao que já foram", diz um operador que não quis se identificar.
No último dia de vencimento de opções, em agosto passado, dos R$ 845 milhões que o pregão girou, apenas R$ 318 milhões foram de exercícios. A média diária no último mês foi de aproximadamente R$ 400 milhões.
Na manhã de sexta-feira, operadores imaginaram que poderia haver hoje um "short squeezing" [pequeno aperto" de comprados sobre vendidos, devido ao grande volume de apostas na queda de ações, principalmente de Telemar. Esses vendidos estavam a descoberto (não tinham o ativo para entregar).
Cerca de 5 bilhões de opções amanheceram na sexta-feira vendidos a descoberto, apenas em opções de Telemar a R$ 22, o valor mais próximo do que seria o de fechamento, R$ 21,89. Durante o dia, porém, foram negociados 19,2 bilhões de opções.
"Boa parte desse montante deve ter sido cobertura de posições vendidas", afirma um operador.
"O "squeezing" já ocorreu, embora com volumes reduzidos", diz Sylvio Rocha, do HSBC.

Pesquisas
Embora executivos do mercado afirmem que a possível vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "já esteja no preço dos ativos", há quem diga que a ampliação da vantagem do candidato petista, apontada pela pesquisa Datafolha publicada ontem, poderá se refletir nos mercados.
"Pode haver uma reação negativa. Na avaliação de investidores, se vencer, quanto maior a diferença de votos, mais prepotente o PT seria", afirma Jorge Simino, do Unibanco Asset Management.
"O mercado precificou o Lula, mas não a sua equipe", diz Rocha.

Copom
A expectativa de analistas ouvidos pela Folha é que o Copom (Comitê de Política Monetária) mantenha a taxa de juros básicos da economia, sem viés. A Selic foi elevada para 21%, há sete dias.

Fundos de pensão
Em meio à surpreendente valorização de 6,34% da Bolsa na quinta-feira passada, operadores estranharam o movimento de fundos de pensão. Ultimamente ariscos a ações, eles voltaram ao mercado, ainda que tímidos e com horizonte de curto prazo.

EUA
Cerca de 40% dos resultados de empresas norte-americanas no terceiro trimestre já foram divulgados. Desse total, aproximadamente 65% vieram melhores do que o esperado. Há, porém, grande dispersão nesses dados. Alguns deles saíram piores do que as previsões. Empresas importantes ainda não informaram seus lucros, mas isso parece não preocupar o mercado. Em uma semana e meia, o Dow Jones subiu 14%.


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