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TENSÃO PÓS-COPOM
Alta de 0,5 ponto foi decidida de forma unânime, apesar de restrições dentro do governo e do setor produtivo
BC eleva juros a 16,75%, acima do esperado
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central contrariou a
expectativa do mercado e aumentou os juros básicos da economia
em 0,5 ponto percentual: pelas
próximas quatro semanas, a taxa
Selic ficará em 16,75% ao ano
-nível mais elevado observado
no país desde dezembro de 2003.
O mercado esperava um aumento de 0,25 ponto, mesma expectativa do Palácio do Planalto,
segundo a Folha apurou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo interlocutores, desejava
que o BC não elevasse os juros
diante dos últimos índices que
apontavam queda na inflação.
Uma alta de 0,25 ponto era considerada aceitável por alguns assessores. Resta saber se a insatisfação
do Planalto é só retórica ou se manifestará em algum tipo de ação.
Sindicatos, comércio e indústria
criticaram a decisão do BC, ao verem nela uma ameaça à incipiente
retomada econômica.
No mês passado, a Selic já havia
subido. Na ocasião, o BC elevou
os juros em 0,25 ponto e avisou
que a decisão representava "o início de um processo de ajuste moderado". Ontem, disse que a nova
alta foi decidida para dar "prosseguimento ao processo de ajuste
moderado". Desta vez, o aumento
foi decidido de forma unânime.
No mês passado, três membros
da diretoria do BC queriam uma
alta de 0,5 ponto, e os outros cinco
votaram pela elevação de 0,25.
Segundo o BC, juros mais altos
ajudam a garantir o cumprimento das metas de inflação, em especial a do ano que vem. Em 2005, o
objetivo do BC é manter a alta do
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 5,1%.
Pesquisa do próprio BC com
analistas de mercado, porém,
mostra que a expectativa é que a
inflação fique em 5,81% em 2005.
A necessidade de inverter esse
pessimismo é apontada pelo BC
como um dos motivos para a alta
dos juros: a própria expectativa de
uma inflação alta poderia fazer
com que as empresas antecipassem seus reajustes, numa tentativa de se prevenir de um eventual
aumento generalizado de preços.
Em tese, juros altos encarecem o
crédito, desestimulando o consumo e os investimentos. Isso leva a
uma desaceleração da economia,
o que por sua vez dificultaria reajustes de preços. Além disso, taxas
elevadas poderiam aumentar a
confiança dos agentes econômicos na capacidade do BC em conter a inflação.
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