São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Aumento de 0,5 ponto no juro não ocorria desde janeiro de 2003

Inflação e petróleo "justificam" alta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde janeiro do ano passado o Banco Central não promovia um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Naquela época, logo após a posse do presidente Lula, o BC tinha como objetivo conter a alta do dólar, que havia registrado forte elevação durante o ano anterior, motivada, segundo analistas do mercado financeiro, pelas eleições.
Além disso, o governo recém-empossado tentava ganhar a confiança do mercado financeiro. A preocupação com a alta dos preços existia, mas estava em segundo plano, pois a meta de inflação de 2003 era de 8,5%.
De lá para cá, porém, o real se valorizou e as medidas da equipe econômica -como o aumento da meta de superávit primário deste ano para 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto)- conseguiram trazer mais estabilidade ao mercado financeiro.
Desde o mês passado, o BC cita a necessidade de conter os preços como o principal motivo para a alta dos juros. A disparada da cotação do petróleo no mercado internacional e o pessimismo dos analistas do setor privado em relação ao cumprimento das metas de inflação são os principais fatores nesse cenário.
Se favorece o controle da inflação, a alta dos juros pode ser um obstáculo à retomada econômica. Em 2003, o PIB encolheu 0,2%. Neste ano, deve crescer 4,5%.
Indicadores econômicos divulgados recentemente mostram que a economia está se recuperando, embora ainda haja algumas dúvidas sobre a força dessa retomada. Dados do IBGE mostram que as vendas no varejo cresceram 7,53% em agosto em relação a agosto de 2003. Em julho, porém, a expansão havia sido maior: 12,04% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Também em agosto, a produção industrial registrou alta pelo sexto mês seguido. O nível de emprego no setor também subiu, embora a renda dos trabalhadores tenha ficado estável.
Do lado da inflação, também há sinais contraditórios. No mês passado, os principais índices de preços ficaram abaixo do esperado. Ainda assim, as projeções para este ano e para 2005 permanecem elevadas, principalmente por causa das incertezas em relação ao preço do petróleo -que, nos últimos dias, tem registrado cotações recordes no mercado esterno.
Ao elevar os juros, o BC sinaliza que, pesados todos esses fatores, a ameaça de alta da inflação é maior do que o risco de uma interrupção na retomada econômica.


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