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TENSÃO PRÉ-COPOM
Aumento de 0,5 ponto no juro não ocorria desde janeiro de 2003
Inflação e petróleo "justificam" alta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde janeiro do ano passado o
Banco Central não promovia um
aumento de 0,5 ponto percentual
na taxa básica de juros. Naquela
época, logo após a posse do presidente Lula, o BC tinha como objetivo conter a alta do dólar, que havia registrado forte elevação durante o ano anterior, motivada,
segundo analistas do mercado financeiro, pelas eleições.
Além disso, o governo recém-empossado tentava ganhar a confiança do mercado financeiro. A
preocupação com a alta dos preços existia, mas estava em segundo plano, pois a meta de inflação
de 2003 era de 8,5%.
De lá para cá, porém, o real se
valorizou e as medidas da equipe
econômica -como o aumento
da meta de superávit primário
deste ano para 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto)- conseguiram trazer mais estabilidade ao
mercado financeiro.
Desde o mês passado, o BC cita
a necessidade de conter os preços
como o principal motivo para a
alta dos juros. A disparada da cotação do petróleo no mercado internacional e o pessimismo dos
analistas do setor privado em relação ao cumprimento das metas
de inflação são os principais fatores nesse cenário.
Se favorece o controle da inflação, a alta dos juros pode ser um
obstáculo à retomada econômica.
Em 2003, o PIB encolheu 0,2%.
Neste ano, deve crescer 4,5%.
Indicadores econômicos divulgados recentemente mostram
que a economia está se recuperando, embora ainda haja algumas dúvidas sobre a força dessa
retomada. Dados do IBGE mostram que as vendas no varejo
cresceram 7,53% em agosto em
relação a agosto de 2003. Em julho, porém, a expansão havia sido
maior: 12,04% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Também em agosto, a produção industrial registrou alta pelo
sexto mês seguido. O nível de emprego no setor também subiu,
embora a renda dos trabalhadores tenha ficado estável.
Do lado da inflação, também há
sinais contraditórios. No mês passado, os principais índices de preços ficaram abaixo do esperado.
Ainda assim, as projeções para este ano e para 2005 permanecem
elevadas, principalmente por causa das incertezas em relação ao
preço do petróleo -que, nos últimos dias, tem registrado cotações
recordes no mercado esterno.
Ao elevar os juros, o BC sinaliza
que, pesados todos esses fatores, a
ameaça de alta da inflação é maior
do que o risco de uma interrupção na retomada econômica.
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