São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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Para analistas, aumento impõe "teto" a expansão

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao decidir pela atual política de elevação de juros, o BC mostrou que deseja impor um "teto" ao crescimento do próximo ano, sem abortar a retomada. Economistas consultados pela Folha avaliam que a decisão do BC vai segurar um pouco o ímpeto do crescimento econômico em 2005.
Para Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), "é lamentável" que o Banco Central tenha escolhido esse caminho.
"É uma pena que o governo tenha decidido segurar uma expansão econômica, possivelmente mais forte em 2005, dessa forma, colocando um teto ao tamanho da expansão. O BC mandou um recado para os empresários: pensem duas vezes na hora de investir. A decisão pune aqueles que pretendiam investir."
A taxa básica de juros (Selic), elevada de 16,25% para 16,75% ontem, serve de referência para as outras taxas do mercado. Quando a Selic é elevada, a tendência é a as outras taxas também subirem, encarecendo os custos para quem deseja tomar empréstimos.
Roberto Padovani, sócio-diretor da consultoria Tendências, diz que "claramente o BC está muito cauteloso" em relação ao ano que vem. "O temor do BC é que a retomada econômica seja de tal ordem que não dê tempo de a oferta acompanhar a demanda. Isso pressionaria mais os preços e poria em risco a meta de inflação."
Isso significa que a indústria alcançaria seu limite de produção enquanto o consumidor seguiria aumentando a procura por produtos. Dessa forma, os preços acabariam por subir de uma maneira mais rápida.
E, como é exatamente a oscilação dos preços que o Copom monitora mais de perto para definir sua política de juros, a instituição tem preferido elevar a taxa básica agora, sob a alegação de preocupações futuras nesse sentido.

Cautela
Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, afirma que a retomada econômica do país não está ameaçada com a atual atitude do BC de aumentar os juros.
"Entendo que o atual ajuste é para garantir que a retomada seja sustentável. Com a atitude, o Copom modera um pouco a taxa de crescimento, mas, mesmo assim, acredito que a economia cresça em torno dos 4% em 2005."


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