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Relatos sugerem ação para "blindar" múlti
Ex-presidente da Cisco do Brasil é classificado pela polícia como chefe "1º nível" do grupo acusado de fraudar importação
Empresa diz que não crê na atuação "inapropriada" de seus funcionários e que "tomará as medidas cabíveis" quando investigação acabar
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Interceptações telefônicas
feitas pela Polícia Federal revelam detalhes da fraude fiscal de
R$ 1,5 bilhão supostamente orquestrada pela Cisco do Brasil,
com a participação da sede norte-americana, que é líder mundial na fabricação de equipamentos para a área de tecnologia da informação.
Nas conversas gravadas, há
funcionários de empresas que,
segundo a PF, foram criadas exclusivamente para "blindar" a
Cisco, dizendo que era preciso
"fazer de conta" que existia
uma industrialização e, com isso, ganhar na redução dos impostos. Em outro momento,
um suspeito pergunta "como
industrializar um negócio de
dois metros de altura que custa
US$ 700 mil?".
Para a PF, a complexa engenharia montada pela Cisco
consistia ainda em fraudar a
importação por meio de empresas fantasmas. Sonegando
impostos e subfaturando preços de mercadorias, os produtos de informática chegavam ao
país com preços muito mais
competitivos, afirma a polícia.
Num dos diálogos, segundo a
PF, a vice-presidente da Cisco
do Brasil, Daniela Ruiz, pede a
redução ao máximo dos preços
dos produtos. "As vendas têm
de ser feitas sem margem...."
Segundo a polícia, as reduções
chegavam a até 70% do preço
das mercadorias.
Para a polícia, o uso de várias
empresas em operações interpostas visava dificultar a identificação da Cisco e seus dirigentes. O fundador e ex-presidente da Cisco do Brasil, Carlos
Roberto Carnevali, foi classificado pela PF como chefe "1º nível", no grupo dos "líderes e
mentores do grupo criminoso".
Em conversa entre Carnevali
e Marcelo Ikeda, diretor da
Mude (também citada no caso),
eles falam da importância de
não decepcionar a "mãe Cisco".
Carnevali, Ikeda e outras 38
pessoas foram presos na terça-feira passada. "Fica perfeitamente comprovada a existência de uma grande organização
criminosa, uma verdadeira
quadrilha", diz relatório da PF.
Na sexta-feira à noite, a Justiça manteve a prisão de seis
pessoas, entre elas a do fundador da empresa no Brasil.
Em nota, a Cisco informou
que não acredita na atuação
"inapropriada" de seus funcionários e que "tomará as medidas cabíveis assim que forem finalizadas as investigações".
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