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Fundo muda cotas e deve beneficiar países emergentes
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O Comitê Financeiro do FMI
decidiu aumentar em ao menos
10% o total de cotas que dão direito a voto a seus 185 países-membros. O objetivo é elevar o
poder de voto dos emergentes.
O comitê também decidiu
que um novo método de cálculo
levará em conta o PIB nominal
em dólares de cada país e o PIB
em termos de paridade de poder de compra (PPC), o que favorece os emergentes.
Não está claro como o aumento em 10% será dividido
nem que países serão beneficiados. A nova fórmula será
criada até abril de 2008, e a redistribuição deve ocorrer em
um ano. Como resultado da
criação do FMI, há mais de 60
anos, o Brasil tem uma cota de
1,42% no órgão, abaixo da de
economias da Europa que, com
o tempo, ficaram menores que
a brasileira.
Em discurso no FMI, o ministro Guido Mantega (Fazenda) voltou a criticar o Fundo e a
cobrar maior participação.
"Peço-lhes licença para ressaltar a ironia: os países que foram referência da boa governança e de normas e condutas
para os sistemas financeiros
são os que se vêem às voltas
com graves problemas de fragilidade financeira", disse. "O
Fundo mostrou-se desaparelhado para fazer face a uma situação como essa. Ficou claro
que seu corpo técnico precisa
aprimorar o conhecimento dos
mercados."
Desde que chegou a Washington, na quinta, Mantega
criticou reiteradamente o FMI
e seu diretor-gerente, Rodrigo
de Rato. Ele contrapõe "a boa
situação do Brasil" às dificuldades nos EUA por causa da crise
na área imobiliária do país (que
contaminou os mercados financeiros) e aproveita o tema
para cobrar mais peso aos países emergentes.
Alinhado ao Brasil ao menos
na retórica, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
também defendeu uma reforma "fundamental" no FMI que
passe a "refletir a atual realidade da economia mundial".
Paulson cobrou ainda um enxugamento das despesas do
FMI, hoje deficitário pelo fato
de países que antes pagavam
juros de empréstimos terem
saldado suas dívidas.
"As finanças do FMI tornaram-se insustentáveis. É preciso arregaçar as mangas e cuidar
dos gastos." Um dia antes, Rodrigo de Rato (que deve deixar
o cargo no fim do mês) disse
que o Fundo deve realizar um
corte de até 9% em seu orçamento até o fim da década.
(FCZ)
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