São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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Fundo muda cotas e deve beneficiar países emergentes

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O Comitê Financeiro do FMI decidiu aumentar em ao menos 10% o total de cotas que dão direito a voto a seus 185 países-membros. O objetivo é elevar o poder de voto dos emergentes.
O comitê também decidiu que um novo método de cálculo levará em conta o PIB nominal em dólares de cada país e o PIB em termos de paridade de poder de compra (PPC), o que favorece os emergentes.
Não está claro como o aumento em 10% será dividido nem que países serão beneficiados. A nova fórmula será criada até abril de 2008, e a redistribuição deve ocorrer em um ano. Como resultado da criação do FMI, há mais de 60 anos, o Brasil tem uma cota de 1,42% no órgão, abaixo da de economias da Europa que, com o tempo, ficaram menores que a brasileira.
Em discurso no FMI, o ministro Guido Mantega (Fazenda) voltou a criticar o Fundo e a cobrar maior participação.
"Peço-lhes licença para ressaltar a ironia: os países que foram referência da boa governança e de normas e condutas para os sistemas financeiros são os que se vêem às voltas com graves problemas de fragilidade financeira", disse. "O Fundo mostrou-se desaparelhado para fazer face a uma situação como essa. Ficou claro que seu corpo técnico precisa aprimorar o conhecimento dos mercados."
Desde que chegou a Washington, na quinta, Mantega criticou reiteradamente o FMI e seu diretor-gerente, Rodrigo de Rato. Ele contrapõe "a boa situação do Brasil" às dificuldades nos EUA por causa da crise na área imobiliária do país (que contaminou os mercados financeiros) e aproveita o tema para cobrar mais peso aos países emergentes.
Alinhado ao Brasil ao menos na retórica, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, também defendeu uma reforma "fundamental" no FMI que passe a "refletir a atual realidade da economia mundial".
Paulson cobrou ainda um enxugamento das despesas do FMI, hoje deficitário pelo fato de países que antes pagavam juros de empréstimos terem saldado suas dívidas.
"As finanças do FMI tornaram-se insustentáveis. É preciso arregaçar as mangas e cuidar dos gastos." Um dia antes, Rodrigo de Rato (que deve deixar o cargo no fim do mês) disse que o Fundo deve realizar um corte de até 9% em seu orçamento até o fim da década. (FCZ)


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