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Bovespa perde 2,88%; dólar salta para R$ 1,745
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro mostrou ontem sua desaprovação à
decisão do governo de taxar o
capital externo. A Bovespa fechou com perdas de 2,88%, em
seu pior pregão em quatro meses. O dólar saltou 1,87%, para
terminar a R$ 1,745 -na máxima do dia, bateu em R$ 1,766.
Durante o pregão, o Ibovespa, o principal índice do mercado local, chegou a recuar 4,7%.
Mas os baixos preços atingidos
por muitas ações motivaram
certa recuperação do mercado.
Todas as 63 ações que formam o Ibovespa fecharam no
vermelho. A forte onda vendedora fez com que o volume negociado alcançasse os R$ 8,93
bilhões -cifra 80% superior à
média diária do ano.
Para os analistas, a cobrança
de IOF pode resultar na diminuição do apetite dos estrangeiros por ações brasileiras.
Como a categoria é responsável por aproximadamente 35%
de todas operações feitas na
Bolsa, se comprarem menos
ações, afetarão o desempenho
do mercado doméstico.
Segundo operadores do mercado, ontem já foi notada uma
parada nas operações feitas
com capital externo.
"O estrangeiro vai agora refazer as contas, colocar o custo do
IOF em seus cálculos", disse
José Augusto Miranda, chefe
da mesa de operações da HSBC
Corretora. "Há uma variável
nova e, na dúvida, a ordem [ontem] foi para vender."
Para piorar o humor dos investidores, a economia norte-americana apresentou dados
pouco animadores -como o
aumento menor que o esperado na construção de casas. As
Bolsas fecharam no vermelho
pelo mundo, mas em intensidade muito menor que a registrada no Brasil. Em Wall Street, o
Dow Jones recuou 0,5%. A Bolsa de Londres perdeu 0,72%.
Na avaliação de Ricardo Denadai, economista sênior do
Santander Asset, um dos efeitos da nova taxação é a de trazer
"insegurança aos investidores
estrangeiros em relação às regras do jogo", especialmente no
mercado de ações. Isso porque
até a semana passada o governo
negava que tomaria medidas
para tentar conter o fluxo de recursos para o país.
De qualquer forma, os analistas não creem que o mercado
acionário entre em uma nova
fase negativa, tampouco que o
dólar seguirá em alta rumo aos
R$ 2. "Temos de lembrar que o
potencial de algumas empresas
é muito maior que os custos da
taxação", afirmou Miranda.
No ano, a Bolsa ainda totaliza
valorização de 73,9%. Em dólares, que é o que interessa aos
estrangeiros, o resultado do
Ibovespa é de valorização de
130% em 2009.
O dólar registra queda de
1,52% no mês. No ano, a depreciação está em 25,2%.
Ações em baixa
Entre as ações mais negociadas, a da BM&FBovespa foi a
que teve o pior resultado, ao recuar 8,41%. A explicação para
isso é que os pregões podem registrar recuo no montante negociado e, se isso se confirmar,
terá impacto direto nas receitas
da Bolsa.
A queda do Ibovespa não foi
mais intensa ontem porque as
ações de Petrobras e Vale, as
mais negociadas do mercado,
tiveram baixas menos significativas. O papel PN da petrolífera teve perdas de 2,30%. Para
Vale PNA, a baixa foi de 2,17%.
Juntas, as ações de
BM&FBovespa, Petrobras e
Vale responderam por quase
35% das operações realizadas.
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