São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

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Retorno só virá em dez anos, diz consultor

DA REPORTAGEM LOCAL

O Santander deverá esperar pelo menos dez anos para reaver os R$ 7,05 bilhões que investiu na compra do Banespa. Essa é a avaliação do consultor Erivelto Rodrigues, da Austin Asis.
Para chegar à conclusão, Rodrigues considerou que o Banespa deve gerar um lucro de R$ 800 milhões por ano. Ainda assim, ele lembra que nos primeiros anos esse valor deve ser menor, devido aos altos investimentos que o Santander deverá fazer para sanear o Banespa.
O banco espanhol também terá um custo extra para comprar as ações dos minoritários se quiser fechar o capital do Banespa, como prevêem muitos analistas.
Rodrigues avalia que a negociação com alguns minoritários será difícil. Ele lembra que 16% das ações do Banespa estão nas mãos da Cabesp (Caixa Beneficente dos Funcionários do Banespa) e outros 5% nas do Opportunity.
"Não será tão fácil negociar com esse pessoal", diz.
Segundo o consultor da Austin Asis, mesmo a utilização dos R$ 2,8 bilhões em créditos tributários do Banespa não deve acelerar o retorno do investimento.
Ele lembra que a utilização desses créditos se limita a 30% do Imposto de Renda. Como o IR é uma parcela do lucro do banco, a proporção em que os créditos serão utilizados depende do volume de lucros do banco.
"Com um lucro anual de R$ 800 milhões, o Santander precisa de dez anos para usar esses créditos", calcula Rodrigues.
O quadro de pessoal do Banespa deve sofrer cortes menores do que sofreria caso o comprador tivesse sido o Bradesco ou o Itaú, bancos que já possuem extensa rede de agências.
No entanto Rodrigues afirma que ainda são imprevisíveis os problemas que o Santander pode enfrentar para negociar demissões. "Ninguém sabe como será a postura dos funcionários a partir de agora."

Preço mínimo
Para o analista do Banco Chase Tomás Awad, o preço pago pelo Santander foi muito alto. Ele avalia que o Santander tem menos condições do que os bancos nacionais para cortar custos de digerir o Banespa. "É muito difícil justificar esse preço, olhando da perspectiva da rentabilidade do negócio e com o balanço do Banespa que temos nas mãos hoje."
Ele afirma que o Banespa é maior do que o Santander e que isso vai exigir uma boa equipe para tocar a operação dos espanhóis no Brasil de agora em diante. De qualquer forma, Awad considera que os espanhóis assumiram uma posição importante no mercado brasileiro, e será preciso ver como farão a absorção do negócio.
"Deverá ser um processo mais doloroso do que teria sido para um banco nacional."
Para Bruno Zaremba, do Pactual, o preço, em princípio, assunta. "Mas não há elementos suficientes para calcular em quanto tempo eles terão o retorno. Um dos pontos principais é saber qual o custo do dinheiro que será usado no pagamento."


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