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Retorno só virá em dez
anos, diz consultor
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santander deverá esperar pelo menos dez anos para reaver os
R$ 7,05 bilhões que investiu na
compra do Banespa. Essa é a avaliação do consultor Erivelto Rodrigues, da Austin Asis.
Para chegar à conclusão, Rodrigues considerou que o Banespa
deve gerar um lucro de R$ 800 milhões por ano. Ainda assim, ele
lembra que nos primeiros anos
esse valor deve ser menor, devido
aos altos investimentos que o
Santander deverá fazer para sanear o Banespa.
O banco espanhol também terá
um custo extra para comprar as
ações dos minoritários se quiser
fechar o capital do Banespa, como
prevêem muitos analistas.
Rodrigues avalia que a negociação com alguns minoritários será
difícil. Ele lembra que 16% das
ações do Banespa estão nas mãos
da Cabesp (Caixa Beneficente dos
Funcionários do Banespa) e outros 5% nas do Opportunity.
"Não será tão fácil negociar com
esse pessoal", diz.
Segundo o consultor da Austin
Asis, mesmo a utilização dos R$
2,8 bilhões em créditos tributários
do Banespa não deve acelerar o
retorno do investimento.
Ele lembra que a utilização desses créditos se limita a 30% do Imposto de Renda. Como o IR é uma
parcela do lucro do banco, a proporção em que os créditos serão
utilizados depende do volume de
lucros do banco.
"Com um lucro anual de R$ 800
milhões, o Santander precisa de
dez anos para usar esses créditos",
calcula Rodrigues.
O quadro de pessoal do Banespa deve sofrer cortes menores do
que sofreria caso o comprador tivesse sido o Bradesco ou o Itaú,
bancos que já possuem extensa
rede de agências.
No entanto Rodrigues afirma
que ainda são imprevisíveis os
problemas que o Santander pode
enfrentar para negociar demissões. "Ninguém sabe como será a
postura dos funcionários a partir
de agora."
Preço mínimo
Para o analista do Banco Chase
Tomás Awad, o preço pago pelo
Santander foi muito alto. Ele avalia que o Santander tem menos
condições do que os bancos nacionais para cortar custos de digerir o Banespa. "É muito difícil justificar esse preço, olhando da
perspectiva da rentabilidade do
negócio e com o balanço do Banespa que temos nas mãos hoje."
Ele afirma que o Banespa é
maior do que o Santander e que
isso vai exigir uma boa equipe para tocar a operação dos espanhóis
no Brasil de agora em diante. De
qualquer forma, Awad considera
que os espanhóis assumiram uma
posição importante no mercado
brasileiro, e será preciso ver como
farão a absorção do negócio.
"Deverá ser um processo mais
doloroso do que teria sido para
um banco nacional."
Para Bruno Zaremba, do Pactual, o preço, em princípio, assunta. "Mas não há elementos suficientes para calcular em quanto
tempo eles terão o retorno. Um
dos pontos principais é saber qual
o custo do dinheiro que será usado no pagamento."
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