|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Espanhóis levam "jóia
da coroa", diz Fraga
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, afirmou ontem
que o banco espanhol Santander
levou "o que era a principal jóia
da nossa coroa". Frase semelhante havia sido usada pelos espanhóis da Telefônica na compra da
Telesp fixa, em 1998.
Fraga acha que o banco espanhol deu uma "inequívoca demonstração de confiança no
país". Ele não quis comentar o
ágio, quase três vezes superior ao
preço mínimo. "Quem sabe avaliar (ágio) é o comprador."
Para o presidente do BC, o que
pesou na decisão "foi a importância estratégica do Banespa", que
põe o comprador "instantaneamente numa posição de destaque
num mercado que requer escala e
é competitivo".
Fraga, que definiu o leilão como
um "marco de transparência e de
coragem", disse ainda, na sua única menção às esperadas demissões, que "o Banespa tem um
quadro funcional de alto gabarito
e funcionários que terão excelentes oportunidades de desenvolver
suas carreiras".
E completou: "Para aqueles que
isso não acontecer -e fatalmente
existirão casos-, nós sentimos
muito. Mas, olhando o processo
como um todo, o país vai ser ganhador".
O secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa, também elogiou o quadro de funcionários do
Banespa, dizendo esperar que eles
sejam "muito bem aproveitados".
Citando teses de analistas que
apontam para a existência, no futuro, de algo em torno de seis bancos de varejo no país, Fraga disse
que "o Banespa era, sem dúvida, a
última oportunidade para quem
queria se candidatar a ser um dos
bancos de maior peso aqui".
O processo de venda do maior
banco estadual do país terminou
"em boas mãos com um preço
bom", completou.
Fraga lembrou ainda que os
bancos estaduais trouxeram mais
problemas do que o esperado.
"Bancos são negócios difíceis,
cheios de armadilhas e têm que
ser conduzidos com absoluta técnica", afirmou, para dar ênfase à
importância da privatização.
O presidente do BC disse esperar um setor bancário ainda mais
competitivo, com "produtos a um
preço razoável".
O diretor de Finanças Públicas
do BC, Carlos Eduardo de Freitas,
explicou que duas facilidades, já
contempladas em privatizações
anteriores, estão valendo para os
novos donos do Banespa com um
prazo maior do que o que foi oferecido no leilão do Banestado, por
exemplo, devido ao grande porte
do banco paulista.
Os novos controladores terão
um prazo de cinco anos para ajustar o investimento feito ao balanço. Durante três anos, ele tem a
opção de diferir suas despesas de
reorganização administrativa e
modernização, incluindo gastos
com demissões,o que faz com que
o banco pague mais imposto de
renda, mas apresente um resultado melhor. Tais medidas, segundo Freitas, existem para incentivar a compra de bancos por um
preço maior e facilitar a digestão
do investimento.
Texto Anterior: Dívida pública sobre o PIB deve cair 0,7 ponto Próximo Texto: Gros descarta financiamento do BNDES Índice
|