São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

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Investimento direto está em queda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os investimentos diretos feitos por estrangeiros no Brasil começam a indicar uma tendência de queda. Pela segunda vez consecutiva, o resultado do mês ficou abaixo da média mensal deste ano, que até setembro era de US$ 2,13 bilhões. No mês passado, os investimentos diretos ficaram em US$ 1,7 bilhão.
Outubro também foi o segundo mês consecutivo em que os investimentos estrangeiros não foram suficientes para cobrir o déficit em transações correntes do país.
No mês passado, esses investimentos haviam ficado na casa de US$ 1,7 bilhão, enquanto o déficit apurado chegou aos US$ 3,48 bilhões.
Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, a diminuição do volume de investimentos estrangeiros é uma consequência da redução do número de empresas privatizadas neste ano. Grande parte dos investimentos estrangeiros concretizados no país ao longo dos últimos anos foi feita por meio do programa de privatizações.
Para Lopes, o importante é que, no acumulado deste ano, os investimentos estrangeiros chegam já a US$ 22,96 bilhões e ainda se mostram suficientes para cobrir o déficit em transações correntes, que até o mês passado era de US$ 19,41 bilhões. "Um mês fica acima (da média). Outro fica abaixo", afirmou Lopes.
Quando um país apresenta déficit em transações correntes, isso significa que o volume de dinheiro que foi enviado para o exterior é maior do que a quantia que ingressa. É necessário que essa diferença seja coberta de alguma maneira. Isso pode ser feito por meio de empréstimos ou por investimentos diretos.
Os investimentos são considerados pelo mercado como a forma mais segura de financiar esse déficit. Os empréstimos, por outro lado, são classificados como um capital muito "volátil", pois, nos momentos de crise, as principais fontes financiadoras costumam secar.
Além disso, investimentos diretos costumam ter objetivos de longo prazo e não são muito influenciados pelas crises passageiras. Por outro lado, um grande volume de investimentos pode se traduzir, no longo prazo, em maior quantidade de remessas de lucros para as matrizes do exterior, o que também pode contribuir para prejudicar as contas externas.
A Espanha é o país que mais investiu no Brasil neste ano. O país foi responsável por 23,6% do investimento total.
O setor de telecomunicações foi o que mais mereceu a atenção dos estrangeiros, recebendo 32,8% dos investimentos feitos no Brasil por empresas de outros países.



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