|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREÇOS
Deflação é de 0,08% na segunda semana do mês; inflação anual pode ficar abaixo de 5%, mesmo se combustível subir
Entressafra não impede queda dos alimentos em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Uma situação inesperada nas
taxas de inflação de São Paulo. Os
preços voltaram a cair na segunda
semana deste mês e acumulam
retração de 0,08% nos últimos 30
dias até o dia 15. Na primeira semana do mês, a deflação acumulada em 30 dias era de 0,06%.
Devido à manutenção da deflação, ou seja, queda nominal dos
preços, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) refez sua projeção de inflação para
0,10% neste mês. A previsão anterior era de 0,20%.
Agora, mesmo com o provável
reajuste dos preços dos combustíveis, a inflação ficaria abaixo de
5% neste ano, segundo a Fipe.
"Deve repetir a inflação de 97,
quando o Índice de Preços ao
Consumidor teve alta de 4,83%",
diz Heron.
A inflação tem comportamento
completamente atípico neste período do ano por dois motivos. Os
alimentos estão em queda em plena entressafra, e os preços do vestuário, que tradicionalmente sobem, estão estáveis.
Os alimentos acumulam queda
de 0,98% nos últimos 30 dias -a
maior redução de preços desde o
início de março, período de plena
safra. As quedas são generalizadas, diz o coordenador da Fipe,
Heron do Carmo, e abrange os
produtos industrializados (panificados, óleos etc.), semi-elaborados (cereais, leite etc.) e "in natura" (verduras, legumes etc.).
Abastecimento normal
O preço dos alimentos cai porque o fim-de-ano não deve ser tão
ruim quanto o esperado pela indústria alimentícia. Apesar da seca no período de plantio no final
do ano passado e das geadas no
meio deste ano, o abastecimento
está normal.
A entressafra de carne não ocorreu. Parte dos pecuaristas esperava R$ 50 pela arroba do boi gordo.
Está em R$ 42, e sem forças para
subir. A oferta de arroz é grande e
o país entra na próxima safra, a
partir de fevereiro, com estoques
de passagem de 2 milhões de toneladas.
O milho, produto que se esperava apresentasse os maiores problemas no abastecimento, está às
portas da nova safra com um bom
estoque de passagem.
O elevado custo do cereal no
meio do ano forçou os avicultores
a reduzir o alojamento de frangos,
o que ajudou a derrubar os preços
do produto em plena entressafra.
Estão previstas, ainda, algumas
importações da Argentina. O produto deve empurrar ainda mais
os preços para baixo.
No setor de hortaliças, os preços
subiram muito após as geadas de
julho. Agora estão retomando o
caminho de volta, mas com forte
tendência de queda. O leite segue
a mesma tendência de baixa, após
registrar fortes reajustes no início
do segundo semestre.
Já o setor de vestuário, onde se
esperavam reajustes devido à chegada às lojas da nova coleção primavera-verão, os preços tiveram
alta de apenas 0,29% nos últimos
30 dias.
Heron do Carmo diz que um
dos motivos da estabilidade é a
mudança de metodologia no IPC
da Fipe desde janeiro deste ano. A
pesquisa foi ampliada, e o peso
das roupas é menor na formação
do índice de inflação da Fipe.
Nos demais setores pesquisados
pela Fipe (habitação, transportes,
despesas pessoais, saúde e educação) não houve grandes mudanças de preços na segunda quadrissemana deste mês.
Texto Anterior: Rombo da balança comercial cresce mais Próximo Texto: Vizinho em crise: De la Rúa arranca acordo e congela gastos Índice
|