São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

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PREÇOS
Deflação é de 0,08% na segunda semana do mês; inflação anual pode ficar abaixo de 5%, mesmo se combustível subir
Entressafra não impede queda dos alimentos em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Uma situação inesperada nas taxas de inflação de São Paulo. Os preços voltaram a cair na segunda semana deste mês e acumulam retração de 0,08% nos últimos 30 dias até o dia 15. Na primeira semana do mês, a deflação acumulada em 30 dias era de 0,06%.
Devido à manutenção da deflação, ou seja, queda nominal dos preços, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) refez sua projeção de inflação para 0,10% neste mês. A previsão anterior era de 0,20%.
Agora, mesmo com o provável reajuste dos preços dos combustíveis, a inflação ficaria abaixo de 5% neste ano, segundo a Fipe. "Deve repetir a inflação de 97, quando o Índice de Preços ao Consumidor teve alta de 4,83%", diz Heron.
A inflação tem comportamento completamente atípico neste período do ano por dois motivos. Os alimentos estão em queda em plena entressafra, e os preços do vestuário, que tradicionalmente sobem, estão estáveis.
Os alimentos acumulam queda de 0,98% nos últimos 30 dias -a maior redução de preços desde o início de março, período de plena safra. As quedas são generalizadas, diz o coordenador da Fipe, Heron do Carmo, e abrange os produtos industrializados (panificados, óleos etc.), semi-elaborados (cereais, leite etc.) e "in natura" (verduras, legumes etc.).

Abastecimento normal
O preço dos alimentos cai porque o fim-de-ano não deve ser tão ruim quanto o esperado pela indústria alimentícia. Apesar da seca no período de plantio no final do ano passado e das geadas no meio deste ano, o abastecimento está normal.
A entressafra de carne não ocorreu. Parte dos pecuaristas esperava R$ 50 pela arroba do boi gordo. Está em R$ 42, e sem forças para subir. A oferta de arroz é grande e o país entra na próxima safra, a partir de fevereiro, com estoques de passagem de 2 milhões de toneladas.
O milho, produto que se esperava apresentasse os maiores problemas no abastecimento, está às portas da nova safra com um bom estoque de passagem.
O elevado custo do cereal no meio do ano forçou os avicultores a reduzir o alojamento de frangos, o que ajudou a derrubar os preços do produto em plena entressafra. Estão previstas, ainda, algumas importações da Argentina. O produto deve empurrar ainda mais os preços para baixo.
No setor de hortaliças, os preços subiram muito após as geadas de julho. Agora estão retomando o caminho de volta, mas com forte tendência de queda. O leite segue a mesma tendência de baixa, após registrar fortes reajustes no início do segundo semestre.
Já o setor de vestuário, onde se esperavam reajustes devido à chegada às lojas da nova coleção primavera-verão, os preços tiveram alta de apenas 0,29% nos últimos 30 dias.
Heron do Carmo diz que um dos motivos da estabilidade é a mudança de metodologia no IPC da Fipe desde janeiro deste ano. A pesquisa foi ampliada, e o peso das roupas é menor na formação do índice de inflação da Fipe.
Nos demais setores pesquisados pela Fipe (habitação, transportes, despesas pessoais, saúde e educação) não houve grandes mudanças de preços na segunda quadrissemana deste mês.



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