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Pacote deverá incentivar habitação e saneamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de levar um puxão de
orelha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por apresentar
um pacote "tímido" para o crescimento da economia, o ministro Guido Mantega (Fazenda)
decidiu incluir os setores de habitação e de saneamento entre
os que serão estimulados pelo
pacote de cortes de gastos e incentivos ao investimento.
Entre as medidas em estudo
está a criação de um fundo de
investimento cuja captação é
direcionada para financiar
obras de habitação e de saneamento.
A proposta, apresentada pela
Abdid (Associação Brasileira da
Infra-Estrutura e Indústrias de
Base), prevê a isenção do Imposto de Renda para quem
comprar cotas desses fundos.
Outra alternativa é a criação
de um fundo de investimento
composto por 80% dos recursos do patrimônio líquido do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) para financiar projetos de infra-estrutura
de modo geral.
Mantega não deu detalhes
das medidas em estudo, mas
disse que a proposta sobre os
fundos de investimento está
praticamente decidida. Ele não
falou em oferecer isenção, mas
disse que o governo pretende
reduzir o IR e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) nas operações.
"Já encampei a proposta. O
presidente também gosta da
proposta. Esta será uma das
medidas que serão implementadas", disse Mantega.
Grande potencial
Para o ministro, os fundos
têm potencial muito grande para financiar a infra-estrutura
porque, com a queda da taxa de
juros fixada pelo Banco Central, os investidores vão procurar alternativas mais rentáveis
para aplicar seus recursos. A redução da tributação faria desses fundos um investimento
ainda mais atraente.
Segundo a Folha apurou, as
medidas na área de saneamento passam por mudanças nos limites estabelecidos pelo CMN
(Conselho Monetário Nacional) para que os bancos possam
investir nesse setor.
A idéia é flexibilizar as exigências para que as prefeituras
e os governos estaduais possam
obter empréstimos para financiar obras de água e esgoto.
O governo, porém, não pretende mudar a LRF (Lei de
Responsabilidade Fiscal) para
viabilizar essas operações.
Mantega teve ontem reuniões com os ministros Nelson
Machado (Previdência), Luiz
Marinho (Trabalho) e Márcio
Fortes (Cidades) discutindo a
nova versão do pacote de estímulo à economia que será
apresentada ao presidente Lula amanhã.
Segundo ele, a ousadia exigida pelo presidente já tomou a
forma de novas medidas de desoneração, mas fez questão de
acrescentar que o governo não
abrirá mão da responsabilidade fiscal para fazer cortes nos
impostos.
Ousadia "casada"
"Não dá para ter ousadia só
na renúncia fiscal, pois você desequilibra as contas públicas.
Esse é o problema. A ousadia
tem de estar "casada" com outras medidas [de redução de
gastos] de modo que o equilíbrio se mantenha", explicou
Mantega.
"O presidente Lula já deu sua
aprovação para criar o fundo de
investimento com recursos do
patrimônio líquido do FGTS, e
também já temos o aval do conselho curador do FGTS", disse
Marinho.
Segundo ele, falta o presidente decidir se a proposta terá forma de projeto de lei ou de medida provisória. O patrimônio líquido do FGTS é de R$ 20 bilhões.
De acordo com Fortes, o valor inicial do fundo deve ser de
R$ 5 bilhões e pode crescer até
alcançar o teto de 80%, ou seja,
R$ 16 bilhões. Fortes quer que
os projetos de saneamento tenham prioridade.
(LEANDRA PERES e CLÁUDIA DIANNI)
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