São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alta na importação fica acima do previsto

Com elevação nas compras externas, saldo em transações correntes em outubro fica em US$ 1,5 bi, ante US$ 2,7 bi estimados pelo BC

Importações avançam 40% em relação ao mesmo mês de 2005; sem Varig, cresce a emissão de bilhetes aéreos por empresas estrangeiras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um aumento acima do esperado nas importações fez com que o saldo das contas externas em outubro ficasse bem abaixo do valor projetado pelo Banco Central. O superávit em transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços entre o Brasil e outros países- foi de US$ 1,526 bilhão, pouco mais da metade dos US$ 2,7 bilhões esperados pelo BC.
Analistas de mercado não eram tão otimistas quanto o Banco Central, mas, ainda assim, a maior parte das estimativas para o saldo em transações correntes do mês passado era que ficasse entre US$ 1,9 bilhão e US$ 2,2 bilhões.
"O aumento das importações nas últimas duas semanas de outubro ficou acima do que estávamos esperando", afirma Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC. No mês passado, o ingresso de produtos estrangeiros no Brasil cresceu 40% em relação a outubro de 2005. Nesse período, as exportações cresceram 28%.
Lopes afirma ainda que a crise da Varig tem prejudicado o desempenho das contas externas, já que parte das rotas internacionais que eram feitas pela empresa passou a ser oferecida por companhias aéreas estrangeiras.
Entre janeiro e outubro deste ano, os gastos registrados no Brasil com passagens aéreas vendidas por empresas estrangeiras somaram US$ 1,874 bilhão, contra US$ 1,402 bilhão nos primeiros dez meses de 2005. No mesmo período, a venda desses bilhetes por companhias aéreas nacionais caiu de US$ 393 milhões para US$ 338 milhões.
As despesas com transportes são contabilizadas na balança de serviços e rendas, que inclui itens como pagamento de juros, remessas de lucros e dividendos, aluguel de equipamentos, entre outros. Somando isso ao resultado da balança comercial e das transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior, e vice-versa), obtém-se o saldo em transações correntes.
É da balança de serviços que vem a maior pressão sobre as contas externas. Entre janeiro e outubro deste ano, essa conta teve déficit de US$ 8 bilhões, US$ 1,7 bilhão a mais do que no mesmo período do ano passado. As despesas com transportes -que incluem, além de passagens aéreas, fretes de mercadorias- e com aluguel de equipamentos, itens que estão ligados ao crescimento do comércio exterior, são as que mais pesam nesse indicador.

Histórico
Não é comum, na história do Brasil, o acúmulo de saldos positivos na conta de transações correntes -entre 1947 e 2002, isso só aconteceu sete vezes. De 2003 para cá, porém, a desvalorização do real e a estagnação da economia têm levado esse indicador a níveis recordes.
Desde o ano passado, existe a expectativa de que a retomada do crescimento econômico e a valorização do real reduzam o saldo em transações correntes para um valor próximo de zero. Porém isso ainda não ocorreu, em parte porque a economia não cresceu como se esperava, mas também porque as exportações têm se mantido num patamar elevado, apesar de o câmbio tornar os produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional.
Mesmo com o resultado abaixo do esperado no mês passado, o saldo acumulado no ano continua bastante positivo. Entre janeiro e outubro, o superávit em transações correntes foi de US$ 11,662 bilhões, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2005.
Para 2007, o Banco Central prevê que a balança comercial terá saldos menores do que os dos últimos anos, o que faria com que o superávit em transações correntes caísse para US$ 2,5 bilhões.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.