|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alta na importação fica acima do previsto
Com elevação nas compras externas, saldo em transações correntes em
outubro fica em US$ 1,5 bi, ante US$ 2,7 bi estimados pelo BC
Importações avançam 40% em relação ao mesmo mês de 2005; sem Varig, cresce a
emissão de bilhetes aéreos por empresas estrangeiras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um aumento acima do esperado nas importações fez com
que o saldo das contas externas
em outubro ficasse bem abaixo
do valor projetado pelo Banco
Central. O superávit em transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços entre o Brasil e outros países- foi de US$ 1,526 bilhão,
pouco mais da metade dos US$
2,7 bilhões esperados pelo BC.
Analistas de mercado não
eram tão otimistas quanto o
Banco Central, mas, ainda assim, a maior parte das estimativas para o saldo em transações
correntes do mês passado era
que ficasse entre US$ 1,9 bilhão
e US$ 2,2 bilhões.
"O aumento das importações
nas últimas duas semanas de
outubro ficou acima do que estávamos esperando", afirma
Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC. No
mês passado, o ingresso de produtos estrangeiros no Brasil
cresceu 40% em relação a outubro de 2005. Nesse período, as
exportações cresceram 28%.
Lopes afirma ainda que a crise da Varig tem prejudicado o
desempenho das contas externas, já que parte das rotas internacionais que eram feitas
pela empresa passou a ser oferecida por companhias aéreas
estrangeiras.
Entre janeiro e outubro deste
ano, os gastos registrados no
Brasil com passagens aéreas
vendidas por empresas estrangeiras somaram US$ 1,874 bilhão, contra US$ 1,402 bilhão
nos primeiros dez meses de
2005. No mesmo período, a
venda desses bilhetes por companhias aéreas nacionais caiu
de US$ 393 milhões para US$
338 milhões.
As despesas com transportes
são contabilizadas na balança
de serviços e rendas, que inclui
itens como pagamento de juros, remessas de lucros e dividendos, aluguel de equipamentos, entre outros. Somando isso
ao resultado da balança comercial e das transferências unilaterais (dinheiro enviado ao
Brasil por residentes no exterior, e vice-versa), obtém-se o
saldo em transações correntes.
É da balança de serviços que
vem a maior pressão sobre as
contas externas. Entre janeiro
e outubro deste ano, essa conta
teve déficit de US$ 8 bilhões,
US$ 1,7 bilhão a mais do que no
mesmo período do ano passado. As despesas com transportes -que incluem, além de passagens aéreas, fretes de mercadorias- e com aluguel de equipamentos, itens que estão ligados ao crescimento do comércio exterior, são as que mais pesam nesse indicador.
Histórico
Não é comum, na história do
Brasil, o acúmulo de saldos positivos na conta de transações
correntes -entre 1947 e 2002,
isso só aconteceu sete vezes. De
2003 para cá, porém, a desvalorização do real e a estagnação
da economia têm levado esse
indicador a níveis recordes.
Desde o ano passado, existe a
expectativa de que a retomada
do crescimento econômico e a
valorização do real reduzam o
saldo em transações correntes
para um valor próximo de zero.
Porém isso ainda não ocorreu,
em parte porque a economia
não cresceu como se esperava,
mas também porque as exportações têm se mantido num patamar elevado, apesar de o
câmbio tornar os produtos brasileiros menos competitivos no
mercado internacional.
Mesmo com o resultado
abaixo do esperado no mês passado, o saldo acumulado no ano
continua bastante positivo. Entre janeiro e outubro, o superávit em transações correntes foi
de US$ 11,662 bilhões, praticamente estável em relação ao
mesmo período de 2005.
Para 2007, o Banco Central
prevê que a balança comercial
terá saldos menores do que os
dos últimos anos, o que faria
com que o superávit em transações correntes caísse para US$
2,5 bilhões.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frase Índice
|