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Brinquedos importados da China são retidos nos portos
Maior rigor na liberação de documentos deixa cerca de 20 milhões de unidades paradas
Importadores dizem que vendas de Natal devem ser afetadas; ministério afirma que medida foi tomada para detectar itens falsificados
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Brinquedos e produtos populares importados da China que
custam no Brasil até R$ 10 podem faltar neste Natal. Cerca
de 20 milhões de unidades desses produtos estão presos em
portos do país para análise do
Decex (Departamento de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A importação foi feita por
cerca de 20 empresas, instaladas na rua Senador Queiroz, no
centro de São Paulo. Os brinquedos e os produtos para o
Natal, como árvores, bolinhas e
enfeites, deveriam ser distribuídos neste mês a 60 mil lojas
de produtos populares no país.
"Estamos com importação
de US$ 1,5 milhão de produtos
para o Natal parada nos portos
do Brasil e perdendo vendas
para o Natal", afirma Gustavo
Dedivitis, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares.
O Decex não soube informar
o volume de produtos retidos
nos portos, mas confirma que,
desde julho, monitora a importação desse tipo de mercadoria
antes de conceder licenças de
importação às empresas.
O maior rigor na liberação de
documentos para mercadorias
da China, segundo informa o
Decex, é resultado da invasão
desses produtos no país.
De janeiro a outubro deste
ano, segundo o Decex, o Brasil
importou da China 27 mil toneladas de brinquedos (US$ 121
milhões). No ano passado, a
compra de brinquedos chineses somou US$ 96 milhões, e,
em 2004, US$ 67 milhões.
Subfaturados
Com o monitoramento nas
importações de produtos populares da China, o Ministério do
Desenvolvimento quer evitar a
entrada de produtos chineses
subfaturados e falsificados.
O Decex informa que tem até
60 dias para conceder licenças
de importação às empresas, como estabelece norma da OMC
(Organização Mundial do Comércio), e que está cumprindo
rigorosamente esse prazo.
Dedivitis informa que a associação que preside "joga no time do governo". "Somos importadores que recolhem impostos, não somos inimigos do
país. Queremos acabar com a
cultura de que o importado é
um mal para o país", afirma.
Os produtos populares que as
empresas reunidas na associação importam, segundo afirma
Dedivitis, não têm similares
nacionais. "Não tem indústria
que consiga produzir esses produtos com a mesma qualidade
com preços de R$ 5 a R$ 10 para
o consumidor. E os produtos
importados são certificados pelo Inmetro", afirma.
Os 22 importadores reunidos
na associação compram cerca
de 250 milhões de unidades e
faturam cerca de R$ 11 bilhões
por ano, conta Dedivitis. Para
ele, se o governo barra a importação de produtos populares
chineses de forma legal, acaba
favorecendo a entrada desse
mesmo tipo de produto no país
de maneira ilegal.
As dificuldades nas importações começaram neste ano
quando o governo decidiu elevar o valor mínimo para entrada dos produtos no país.
"Antes, podíamos importar o
quilo do brinquedo por US$
1,60. Agora, esse valor passou
para US$ 6,60 o quilo." Criou-se, assim, restrição à entrada de
brinquedos chineses no país.
"Quem será punido com isso é o
consumidor de menor poder
aquisitivo, que vai ficar sem opções de presentes baratos neste
final do ano", afirma.
A associação entregou ao Decex um levantamento de preços
de produtos populares no país
-o preço médio encontrado foi
de US$ 2 o quilo. Com isso, eles
pretendem importar mercadorias a partir de US$ 2 o quilo, e
não de US$ 6,60 o quilo, como
determina hoje o governo.
A pressão para que o governo
brasileiro restrinja a importação de produtos chineses vem
da indústria nacional de brinquedos. "Se o país importa 20
milhões de brinquedos, são 20
milhões de brinquedos que deixam de ser produzidos no país.
Para cada US$ 30 mil de produtos importados, são cinco empregos a menos nas indústrias",
diz Synésio Batista da Costa,
presidente da Abrinq, associação dos fabricantes do setor.
A indústria brasileira de
brinquedos, diz, vende cerca de
140 milhões de unidades por
ano. A expectativa é que as vendas neste final de ano cresçam
4% sobre igual período de
2005. "Se a importação for
muito elevada, certamente a indústria vai entrar em 2007 demitindo", afirma Costa.
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