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Arrecadação de impostos sobe 10% no ano
Brasileiros pagaram R$ 1,6 bi por dia somente em tributos federais de janeiro a outubro; receita total chega a R$ 491 bi
Para analista, governo deveria aproveitar os ganhos na arrecadação para reduzir a carga tributária
e desonerar a economia
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA.
Os brasileiros pagaram R$
11,3 bilhões em Imposto de
Renda de janeiro a outubro
deste ano, 41,5% a mais que no
mesmo período de 2006, já descontada a inflação medida pelo
IPCA. No mês passado, a arrecadação desse imposto ficou
em R$ 997 milhões, alta de
121% na comparação com outubro do ano passado.
Com isso, a arrecadação total
de tributos no mês passado ficou em R$ 54,8 bilhões -alta
de 12% em relação ao mesmo
período de 2006.
No acumulado de janeiro a
outubro, o governo federal arrecadou R$ 491 bilhões, alta de
10,2% em relação ao mesmo
período de 2006, já descontada
a inflação. Por dia, inclusive nos
fins de semana e feriados, os
brasileiros pagaram R$ 1,6 bilhão só em pagamento de impostos e contribuições federais,
segundo os dados divulgados
ontem pela Receita Federal.
Até outubro, a arrecadação
líquida da Receita Federal (descontada a Previdência) já superou em R$ 35,6 bilhões a previsão inicial para todo 2007.
O professor de Finanças do
Ibmec Gilberto Braga propõe
que o governo aproveite o recorde de arrecadação para fazer desonerações e reduzir a
carga tributária. "Temos uma
oportunidade histórica de fazer
a reforma tributária com essa
arrecadação. Difícil é fazê-la
quando o dinheiro está curto."
O coordenador-geral de Previsão e Análise da Receita, Raimundo Eloi, justificou que os
investimentos na Bolsa de Valores, que gerou ganhos aos
aplicadores, e as vendas de bens
foram os principais responsáveis pelo crescimento de receitas com o IR Pessoa Física.
No acumulado do ano, a venda de bens gerou arrecadação
de IR de R$ 2,7 bilhões, e o rendimento com os investimentos
em Bolsa, mais R$ 969 milhões.
Juntos, responderam por alta
de 146% na arrecadação em relação ao apurado no mesmo período de 2006. O imposto de
renda retido na fonte -diretamente ligado ao aumento dos
salários e do nível de emprego- cresceu só 5,7% no mesmo
período e gerou uma receita de
R$ 59,5 bilhões ao governo.
Para Roberto Piscitelli, economista da UnB (Universidade
de Brasília), o governo também
é responsável pelo crescimento
do volume de impostos pagos
pelos brasileiros ao não corrigir
a tabela do IR no mesmo valor
da inflação. Desde que o presidente Lula assumiu, em 2003,
foram três correções na tabela
do IR, somando 22,5%. O IPCA
acumulado neste período foi de
29,03%. "A correção da tabela
do IR não acompanha a inflação. A situação é pior para as categorias de trabalhadores que
tiveram aumento real de salários e, com isso, mudaram de
faixa de contribuição", lamenta
Piscitelli.
IR das empresas
A arrecadação com Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica no
ano foi de R$ 58,4 bilhões,
14,21% maior que nos dez primeiros meses do ano passado,
descontado o IPCA.
O pagamento de Contribuição Social Sobre Lucro Líquido
gerou R$ 28,9 bilhões aos cofres públicos, 14% a mais que
no mesmo período do ano passado. O setor bancário, com altos lucros neste ano, foi o que
mais pagou esses impostos ao
governo no período, R$ 14,3 bilhões, um aumento real de
33,86% no período.
As companhias de eletricidade e o setor atacadista aparecem em segundo lugar no ranking de arrecadação, com pagamento de R$ 5 bilhões e R$ 4,8
bilhões, respectivamente, somando o Imposto de Renda e a
Contribuição Social Sobre Lucro Líquido.
Eloi, da Receita, afirmou que
o crescimento da economia é o
principal responsável pelo aumento de arrecadação no ano.
Ele disse que há dois anos o governo não eleva alíquotas de
tributos, mas ressaltou que a
Receita vem apertando a fiscalização sobre sonegadores, o
que provocou um aumento de
30% neste ano com a receita de
multas, juros e cobranças de
impostos não pagos. Ele não revelou, porém, o valor arrecadado após os processos judiciais.
Maior foco de preocupação
do governo neste fim de ano e
alvo das críticas da oposição, a
CPMF rendeu R$ 30 bilhões
aos cofres públicos de janeiro a
outubro -aumento real de 10%
na comparação com igual período de 2006.
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