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BB busca aquisições agora no setor privado
Próximo alvo deverá ser o Votorantim, mas regras contábeis impedirão instituição federal de ser considerada o maior banco do país
Negociação envolveria
49% das ações do banco Votorantim; BB também negocia com o Banco do Espírito Santo e com o BRB
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil não deve
recuperar tão cedo a liderança
no ranking dos maiores bancos
no país nem com uma possível
compra de 49% do banco Votorantim, braço financeiro do
grupo industrial da família Ermírio de Moraes. Isso porque
as atuais regras contábeis impedirão que o BB consolide em
seu balanço os ativos do Votorantim, caso fique mesmo como acionista minoritário.
Sétima maior instituição do
país, o banco Votorantim tem o
tamanho certo para devolver a
liderança ao BB. Em junho, o
banco somava R$ 73,443 bilhões em ativos, que, somados
aos R$ 512,4 bilhões de BB e
Nossa Caixa, já chegariam a R$
585,84 bilhões -mais do que
suficientes para passar os R$
575 bilhões de Itaú e Unibanco.
Segundo o professor Ariovaldo dos Santos, da Fipecafi
(Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), a única forma de o
BB trazer todos os ativos -incluindo crédito e posição de títulos em tesouraria- para o
seu balanço é formalizar um
acordo em que tenha a gestão
compartilhada do novo banco.
A compra do Votorantim seria a primeira de um banco privado pelo BB, possível graças à
medida provisória editada no
mês passado como parte dos
esforços de amenizar os impactos da crise financeira.
Com o BB como minoritário,
o Votorantim permaneceria
tecnicamente privado e, assim,
livre de algumas restrições legais a que estaria sujeito caso se
tornasse banco público. Por outro lado, esse modelo daria menos poder ao BB para interferir
nas operações da instituição.
A Nossa Caixa é o terceiro
banco a ser comprado pelo
Banco do Brasil desde que o BB
deu início à sua política de incorporações de instituições públicas. O primeiro foi o Besc
(Banco do Estado de Santa Catarina), cuja compra foi fechada
em setembro passado por R$
685 milhões. O segundo foi o
BEP (Banco do Estado do
Piauí), comprado por R$ 82 milhões na semana passada. Nos
dois casos, os bancos já haviam
sido transferidos para a União
na renegociação das dívidas dos
Estados com o Tesouro, no governo FHC (1995-2002). Grandes bancos estaduais, como o
Banespa e o Banerj, também
estavam na mesma situação,
mas foram privatizados.
O interesse do governo em
permitir que o BB pudesse incorporar esse tipo de instituição só cresceu depois que o
banco federal passou a perder
espaço para seus concorrentes
privados, que vinham acelerando suas aquisições. Essas compras culminaram na fusão entre Itaú e Unibanco, no começo
deste mês, que custou ao BB o
posto de maior banco do país.
Além do Votorantim, o BB
negocia a compra de outra instituição estadual, o Banco do
Espírito Santo, e do BRB (Banco Regional de Brasília).
Para Luis Miguel Santacreu,
analista da Austin Ratings,
mais importante do que o tamanho da instituição por ativos
é o uso que ela faz do dinheiro
captado para transformá-lo em
crédito. Santacreu lembra que
o melhor indicador para isso
são os depósitos.
(TONI SCIARRETTA e NEY HAYASHI DA CRUZ)
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