São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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BB busca aquisições agora no setor privado

Próximo alvo deverá ser o Votorantim, mas regras contábeis impedirão instituição federal de ser considerada o maior banco do país

Negociação envolveria 49% das ações do banco Votorantim; BB também negocia com o Banco do Espírito Santo e com o BRB

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil não deve recuperar tão cedo a liderança no ranking dos maiores bancos no país nem com uma possível compra de 49% do banco Votorantim, braço financeiro do grupo industrial da família Ermírio de Moraes. Isso porque as atuais regras contábeis impedirão que o BB consolide em seu balanço os ativos do Votorantim, caso fique mesmo como acionista minoritário.
Sétima maior instituição do país, o banco Votorantim tem o tamanho certo para devolver a liderança ao BB. Em junho, o banco somava R$ 73,443 bilhões em ativos, que, somados aos R$ 512,4 bilhões de BB e Nossa Caixa, já chegariam a R$ 585,84 bilhões -mais do que suficientes para passar os R$ 575 bilhões de Itaú e Unibanco.
Segundo o professor Ariovaldo dos Santos, da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), a única forma de o BB trazer todos os ativos -incluindo crédito e posição de títulos em tesouraria- para o seu balanço é formalizar um acordo em que tenha a gestão compartilhada do novo banco.
A compra do Votorantim seria a primeira de um banco privado pelo BB, possível graças à medida provisória editada no mês passado como parte dos esforços de amenizar os impactos da crise financeira.
Com o BB como minoritário, o Votorantim permaneceria tecnicamente privado e, assim, livre de algumas restrições legais a que estaria sujeito caso se tornasse banco público. Por outro lado, esse modelo daria menos poder ao BB para interferir nas operações da instituição.
A Nossa Caixa é o terceiro banco a ser comprado pelo Banco do Brasil desde que o BB deu início à sua política de incorporações de instituições públicas. O primeiro foi o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), cuja compra foi fechada em setembro passado por R$ 685 milhões. O segundo foi o BEP (Banco do Estado do Piauí), comprado por R$ 82 milhões na semana passada. Nos dois casos, os bancos já haviam sido transferidos para a União na renegociação das dívidas dos Estados com o Tesouro, no governo FHC (1995-2002). Grandes bancos estaduais, como o Banespa e o Banerj, também estavam na mesma situação, mas foram privatizados.
O interesse do governo em permitir que o BB pudesse incorporar esse tipo de instituição só cresceu depois que o banco federal passou a perder espaço para seus concorrentes privados, que vinham acelerando suas aquisições. Essas compras culminaram na fusão entre Itaú e Unibanco, no começo deste mês, que custou ao BB o posto de maior banco do país.
Além do Votorantim, o BB negocia a compra de outra instituição estadual, o Banco do Espírito Santo, e do BRB (Banco Regional de Brasília).
Para Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings, mais importante do que o tamanho da instituição por ativos é o uso que ela faz do dinheiro captado para transformá-lo em crédito. Santacreu lembra que o melhor indicador para isso são os depósitos. (TONI SCIARRETTA e NEY HAYASHI DA CRUZ)


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