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análise
Negócio entre bancos atende a Lula e a Serra
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um gesto de boa
vizinhança administrativa, o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e o governador de
São Paulo, José Serra, fecharam um negócio bom para os
dois. A compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil atende aos interesses econômicos e políticos de Lula e Serra.
Contrariado com os grandes bancos privados, que têm
segurado a concessão de crédito na crise financeira, Lula
estimulou o Banco do Brasil
a não deixar brecha para o
Bradesco tentar comprar a
Nossa Caixa.
A MP (medida provisória)
443, que abria a possibilidade de o BB e a Caixa Econômica Federal comprarem
instituições financeiras total
ou parcialmente, facilitou a
negociação, porque o Bradesco queria um leilão para a
venda do banco do governo
paulista.
A MP 443 permitiu a compra direta da Nossa Caixa,
fundamental para o BB tentar voltar a ser o primeiro no
ranking nacional de bancos.
Essa, aliás, é uma meta de
Lula: deixar o Palácio do Planalto em 2010 com o Banco
do Brasil de novo na primeira posição, perdida após a fusão do Itaú com o Unibanco.
Já Serra ganhará uma bolada para financiar projetos
nos seus dois últimos anos de
governo.
O tucano pretende ser candidato à Presidência em
2010 e está na dianteira na
briga interna no PSDB contra o governador de Minas,
Aécio Neves. Serra cobra da
equipe agilidade nos projetos para o dinheiro que entrará com a venda. Corre
contra o tempo.
Do ponto de vista político,
a operação pode ser resumida assim: um mandatário
que caminha para os seus
dois últimos anos de governo
faz um negócio de pai para filho com o pré-candidato a
presidente mais forte nas
pesquisas. Na linguagem do
mercado financeiro, seria
uma espécie de hedge lulista.
Na transição dos governos
FHC para Lula, um acordo
político foi cumprido à risca:
o petista não investigaria
atos da gestão do antecessor
tucano.
Não deixa de ser irônica
coincidência o anúncio do
negócio entre BB e Nossa
Caixa acontecer no mesmo
dia em que Lula autoriza, por
decreto presidencial, a compra da Brasil Telecom pela
Oi. Tudo indica que Serra, se
eleito, agirá em relação a Lula como o petista atuou com
FHC na rubrica "decisões de
Estado com alguma margem
para controvérsia".
Por último, Lula aposta as
fichas na candidatura presidencial da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), mas
não vê mal em ter boa relação com Serra e Aécio. O petista pode sonhar em concorrer ao Palácio do Planalto em
2014.
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