São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Petróleo recua ao menor nível em 3 anos

Barril é cotado abaixo de US$ 50 pela pela primeira vez desde maio de 2005; preço já recuou 63% desde o pico em julho

Opep se reúne na semana que vem, mas países como a Nigéria já disseram ser contra um novo corte na produção diária do cartel

DA REDAÇÃO

Pouco mais de quatro meses após atingir o seu recorde e parecer caminhar para os US$ 200, o preço do barril do petróleo ficou abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde maio de 2005, com a queda na demanda mundial, devido, especialmente, à recessão no Japão, na zona do euro e à contração econômica dos Estados Unidos, o que significa que o mundo vai precisar de menos combustível.
A cotação do barril recuou pelo quarto pregão consecutivo em Nova York -a queda ontem foi de 7,46%- e fechou a US$ 49,62, o menor preço desde 23 de maio de 2005. Ele chegou a valer US$ 48,64, antes de registrar uma pequena recuperação. Desde que atingiu o preço recorde de US$ 145,29 em 3 de julho, a cotação do barril já recuou 63,09% -apenas neste mês, a queda já foi de 20,93%.
Na época em que o petróleo chegou a US$ 145, alguns analistas estimavam que o valor alcançaria US$ 200, mas agora já há quem diga que o preço pode cair para cerca de US$ 30, com as perspectivas de que a economia global se desacelerará ainda mais. Na semana passada, a Agência Internacional de Energia (AIE) disse que o avanço da demanda cairá neste ano para o menor ritmo em 23 anos.
"O petróleo a US$ 147 [preço atingido em julho, porém, antes do fechamento do mercado] era uma bolha puramente especulativa", afirmou o analista Gareth Lewis-Davies. "Era dinheiro barato procurando oportunidades que estavam evaporando em outras classes de ativos. O que pode derrubar [os preços] ainda mais é qualquer indicação de que o crescimento da demanda será ainda mais fraco do que as já avariadas expectativas."
A expectativa agora é como a Opep (o cartel responsável por 40% do petróleo mundial) reagirá na reunião de emergência na semana que vem. Um novo corte na produção é possível, mas alguns dos membros, como a Nigéria, já disseram ser contra a medida.
A divisão da Opep, com países não cumprindo os cortes prometidos, geralmente se volta contra a entidade, porque o preço não recua e logo os demais membros começam a aumentar a produção.
No final de outubro, o cartel de 13 países cortou a sua produção em 1,5 milhão de barris, em uma tentativa de elevar o preço, mas, desde então, a cotação já recuou 16,41%.
Uma das conseqüências da queda nos preços do barril (e do aperto no crédito, devido à crise global) é a suspensão de projetos pelo mundo todo. A AIE já afirmou que os investimentos para a descoberta de petróleo estão abaixo do necessário, o que pode criar um problema no fornecimento mundial do combustível. No Brasil, especialistas dizem que cotação muito baixa inviabilizaria a exploração do pré-sal, que é mais cara, por ser em águas profundas.
A falta de investimentos, no entanto, pode se traduzir em um grande avanço nos preços quando eles começarem a se recuperar. "O petróleo abaixo de US$ 50 significa que muitos investimentos não serão realizados", afirmou o analista em energia Philip C. Adams. "O que você provavelmente está fazendo é preparar o cenário para a nova alta dos preços."


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