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Petróleo recua ao menor nível em 3 anos
Barril é cotado abaixo de US$ 50 pela pela primeira vez desde maio de 2005; preço já recuou 63% desde o pico em julho
Opep se reúne na semana que vem, mas países como a Nigéria já disseram ser contra um novo corte na produção diária do cartel
DA REDAÇÃO
Pouco mais de quatro meses
após atingir o seu recorde e parecer caminhar para os US$
200, o preço do barril do petróleo ficou abaixo de US$ 50 pela
primeira vez desde maio de
2005, com a queda na demanda
mundial, devido, especialmente, à recessão no Japão, na zona
do euro e à contração econômica dos Estados Unidos, o que
significa que o mundo vai precisar de menos combustível.
A cotação do barril recuou
pelo quarto pregão consecutivo
em Nova York -a queda ontem
foi de 7,46%- e fechou a US$
49,62, o menor preço desde 23
de maio de 2005. Ele chegou a
valer US$ 48,64, antes de registrar uma pequena recuperação.
Desde que atingiu o preço recorde de US$ 145,29 em 3 de julho, a cotação do barril já recuou 63,09% -apenas neste
mês, a queda já foi de 20,93%.
Na época em que o petróleo
chegou a US$ 145, alguns analistas estimavam que o valor alcançaria US$ 200, mas agora já
há quem diga que o preço pode
cair para cerca de US$ 30, com
as perspectivas de que a economia global se desacelerará ainda mais. Na semana passada, a
Agência Internacional de Energia (AIE) disse que o avanço da
demanda cairá neste ano para o
menor ritmo em 23 anos.
"O petróleo a US$ 147 [preço
atingido em julho, porém, antes
do fechamento do mercado]
era uma bolha puramente especulativa", afirmou o analista
Gareth Lewis-Davies. "Era dinheiro barato procurando
oportunidades que estavam
evaporando em outras classes
de ativos. O que pode derrubar
[os preços] ainda mais é qualquer indicação de que o crescimento da demanda será ainda
mais fraco do que as já avariadas expectativas."
A expectativa agora é como a
Opep (o cartel responsável por
40% do petróleo mundial) reagirá na reunião de emergência
na semana que vem. Um novo
corte na produção é possível,
mas alguns dos membros, como a Nigéria, já disseram ser
contra a medida.
A divisão da Opep, com países não cumprindo os cortes
prometidos, geralmente se volta contra a entidade, porque o
preço não recua e logo os demais membros começam a aumentar a produção.
No final de outubro, o cartel
de 13 países cortou a sua produção em 1,5 milhão de barris, em
uma tentativa de elevar o preço, mas, desde então, a cotação
já recuou 16,41%.
Uma das conseqüências da
queda nos preços do barril (e do
aperto no crédito, devido à crise global) é a suspensão de projetos pelo mundo todo. A AIE já
afirmou que os investimentos
para a descoberta de petróleo
estão abaixo do necessário, o
que pode criar um problema no
fornecimento mundial do combustível. No Brasil, especialistas dizem que cotação muito
baixa inviabilizaria a exploração do pré-sal, que é mais cara,
por ser em águas profundas.
A falta de investimentos, no
entanto, pode se traduzir em
um grande avanço nos preços
quando eles começarem a se recuperar. "O petróleo abaixo de
US$ 50 significa que muitos investimentos não serão realizados", afirmou o analista em
energia Philip C. Adams. "O
que você provavelmente está
fazendo é preparar o cenário
para a nova alta dos preços."
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