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França socorre empresas com pacote de 20 bilhões de euros, com desemprego à espreita
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Em meio a sinais de que a Europa mergulha em uma longa
recessão, a França lançou ontem um fundo estatal de emergência de 20 bilhões de euros(cerca de
R$ 60 bilhões) para ajudar empresas em dificuldades.
Ao mesmo tempo, o efeito
mais temido da recessão, o desemprego, começa a se materializar: na França, a montadora Peugeot Citröen anunciou o
corte de 2.700 postos de trabalho; no Reino Unido, o fabricante de motores Rolls-Royce
disse que demitirá entre 1,5 mil
e 2 mil funcionários em 2009.
A acentuada queda na demanda interna e no volume de
exportações explica os cortes
de pessoal. A previsão da Peugeot é de que as vendas de veículos na Europa terão queda de
17% no último trimestre do
ano, e de 10% em 2009.
Berlinda
Após a confirmação, na semana passada, de que a zona do
euro vive a sua primeira recessão, ontem outro clube de países ricos anunciou um recorde
negativo. Trata-se da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Na média, a economia dos 30
membros recuou 0,1% no terceiro trimestre em comparação
ao trimestre anterior, na primeira contração em sete anos.
Em relação ao mesmo período
de 2007, entretanto, houve um
avanço, de 0,9%.
Das economias do G7, só a
França registrou crescimento
no terceiro trimestre, de 0,1%.
Alemanha, Itália e Reino Unido
tiveram retração de 0,5% no
mesmo período.
Na Alemanha, a maior economia da Europa, a recuperação do crescimento parece ainda uma perspectiva distante. O
Bundesbank (Banco Central
alemão) previu ontem que a
economia do país continuará
desacelerando no último trimestre do ano, devido ao declínio das exportações. Após retrações consecutivas no segundo e terceiro trimestres, a Alemanha está oficialmente em
recessão.
"Reserva turística"
Num discurso carregado de
nacionalismo, o presidente
francês, Nicolas Sarkozy, disse
que o fundo de emergência lançado ontem tem o objetivo de
evitar que a indústria do país
caia em mãos estrangeiras.
"No dia em que não construirmos mais trens, aviões,
carros e navios, o que restará da
economia francesa? Memórias", disse Sarkozy. "Não vou
deixar que a França vire uma
reserva turística."
A idéia do fundo já havia sido
mencionada há um mês por
Sarkozy, mas só ontem os detalhes foram revelados. O projeto
original do presidente francês
era a criação de um fundo de investimento europeu, mas a resistência da Alemanha fez com
que Sarkozy limitasse a idéia a
seu país.
O novo fundo será administrado pelo governo francês e
pelo Caisse des Dépôts et Consignations (CDC), um banco estatal habituado a ajudar empresas em dificuldades, que entrará com metade do capital.
"Não vou permitir que fundos estrangeiros tenham pechinchas por causa dos níveis
do mercado financeiro", disse
Sarkozy na sede do fabricante
de peças de aeronáutica Daher,
que será o primeiro beneficiado
do fundo, com 75 milhões
(cerca de R$ 225 milhões).
"Não vou deixar que a indústria
francesa se mude para fora",
discursou o presidente francês.
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