São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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França socorre empresas com pacote de 20 bilhões de euros, com desemprego à espreita

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Em meio a sinais de que a Europa mergulha em uma longa recessão, a França lançou ontem um fundo estatal de emergência de 20 bilhões de euros(cerca de R$ 60 bilhões) para ajudar empresas em dificuldades.
Ao mesmo tempo, o efeito mais temido da recessão, o desemprego, começa a se materializar: na França, a montadora Peugeot Citröen anunciou o corte de 2.700 postos de trabalho; no Reino Unido, o fabricante de motores Rolls-Royce disse que demitirá entre 1,5 mil e 2 mil funcionários em 2009.
A acentuada queda na demanda interna e no volume de exportações explica os cortes de pessoal. A previsão da Peugeot é de que as vendas de veículos na Europa terão queda de 17% no último trimestre do ano, e de 10% em 2009.

Berlinda
Após a confirmação, na semana passada, de que a zona do euro vive a sua primeira recessão, ontem outro clube de países ricos anunciou um recorde negativo. Trata-se da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Na média, a economia dos 30 membros recuou 0,1% no terceiro trimestre em comparação ao trimestre anterior, na primeira contração em sete anos. Em relação ao mesmo período de 2007, entretanto, houve um avanço, de 0,9%.
Das economias do G7, só a França registrou crescimento no terceiro trimestre, de 0,1%. Alemanha, Itália e Reino Unido tiveram retração de 0,5% no mesmo período.
Na Alemanha, a maior economia da Europa, a recuperação do crescimento parece ainda uma perspectiva distante. O Bundesbank (Banco Central alemão) previu ontem que a economia do país continuará desacelerando no último trimestre do ano, devido ao declínio das exportações. Após retrações consecutivas no segundo e terceiro trimestres, a Alemanha está oficialmente em recessão.

"Reserva turística"
Num discurso carregado de nacionalismo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o fundo de emergência lançado ontem tem o objetivo de evitar que a indústria do país caia em mãos estrangeiras.
"No dia em que não construirmos mais trens, aviões, carros e navios, o que restará da economia francesa? Memórias", disse Sarkozy. "Não vou deixar que a França vire uma reserva turística."
A idéia do fundo já havia sido mencionada há um mês por Sarkozy, mas só ontem os detalhes foram revelados. O projeto original do presidente francês era a criação de um fundo de investimento europeu, mas a resistência da Alemanha fez com que Sarkozy limitasse a idéia a seu país.
O novo fundo será administrado pelo governo francês e pelo Caisse des Dépôts et Consignations (CDC), um banco estatal habituado a ajudar empresas em dificuldades, que entrará com metade do capital.
"Não vou permitir que fundos estrangeiros tenham pechinchas por causa dos níveis do mercado financeiro", disse Sarkozy na sede do fabricante de peças de aeronáutica Daher, que será o primeiro beneficiado do fundo, com 75 milhões (cerca de R$ 225 milhões). "Não vou deixar que a indústria francesa se mude para fora", discursou o presidente francês.


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