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O ANO DO DRAGÃO
Cumprir inflação acertada com FMI implicaria recessão
Nova meta é baixa, diz consultoria
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As novas metas de inflação contidas no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional),
anunciadas anteontem, são "irrealistas" e, "para cumpri-las a
ferro e fogo, a política econômica
teria de jogar a economia numa
forte recessão", segundo a análise
da LCA Consultores.
A LCA tem como sócio principal o economista Luciano Coutinho, cotado para um posto no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Outro elo da consultoria com o
governo eleito é o economista
Bernard Appy, que deixou a empresa para ingressar na equipe de
transição coordenada pelo futuro
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Em boletim distribuído aos
clientes, a LCA avalia que, mesmo
com a elevação das metas, será
muito difícil manter a inflação
nos níveis prometidos ao FMI pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e pelo presidente do Banco
Central, Armínio Fraga.
"Ao sugerir metas irrealistas, a
atual equipe econômica do BC
parece querer demonstrar bastante conservadorismo -em linha, aliás, com as declarações dos
futuros titulares da Fazenda e do
BC (Palocci e Henrique Meirelles)", diz o documento.
Na revisão do acordo com o
FMI, o limite máximo para o IPCA em 2002 passou de 9% para
11%; o teto para 2003, medido pela taxa acumulada nos 12 meses
encerrados em setembro, subiu
de 7,5% para 9,5%.
A LCA elogia a elevação dos limites -"uma decisão válida e
que a ninguém surpreende, dado
que os resultados recentes de inflação têm ficado muito acima do
esperado". A consultoria, porém,
acredita que as taxas fixadas ainda
são ambiciosas demais.
Segundo as projeções da empresa, o IPCA deve encerrar 2002
em 13% -para ficar dentro das
regras do acordo com o FMI, a taxa deste mês não poderá ficar acima de 0,7%.
Para o período de outubro de
2002 a setembro de 2003, a projeção da LCA é de uma variação de
15%. A principal causa da "discrepância" em relação ao prometido
limite de 9,5%, diz o documento, é
a variação dos preços no último
trimestre deste ano.
A análise considera "compreensível" a preocupação de demonstrar que não haverá leniência com
a inflação, mas sugere novos critérios para a determinação das metas, de forma a privilegiar a inflação presente, em vez da passada.
Tanto é assim que, em carta à
direção do FMI datada de 2 de dezembro, o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, e o presidente do
BC, Armínio Fraga, pediram a revisão das metas por causa dos
"efeitos estatísticos da inflação em
2002". Ou seja, as taxas mais altas
deste ano vão contaminar os índices acumulados do ano que vem.
Resta ainda ao governo eleito
definir uma nova meta oficial de
inflação para a atuação do Banco
Central no próximo ano. A que
está em vigor hoje, de 4%, com tolerância de 2,5 pontos percentuais, já caiu em descrédito no
mercado, que aposta em 11%, de
acordo com o último relatório Focus -pesquisa feita pelo BC em
meio ao mercado.
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