São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM TRANSE

Futuro presidente da instituição, Henrique Meirelles diz que proposta do PT prevê destituição em só dois casos

Projeto restringe troca no comando do BC

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O futuro presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que, no projeto de autonomia operacional da instituição em estudo pelo PT a ser encaminhado ao Congresso, o presidente da instituição só poderá ser afastado no caso de descumprimento sistemático das metas traçadas pelo governo ou de improbidade administrativa.
Mesmo assim, Meirelles explicou que a decisão de destituição do presidente do BC ainda terá de ser examinada pelo Senado. Segundo ele, o governo terá de mandar uma proposta ao Senado de substituição do presidente do BC com as razões que o levaram a tomar essa decisão. Assim como hoje o presidente do BC precisa ser sabatinado pelo Senado para ser confirmado no cargo, o mesmo acontecerá no caso de sua substituição.
Outra idéia de Meirelles é a de promover o descasamento dos mandatos dos diretores do BC. Da mesma forma que ocorre em outros BCs de vários países do Primeiro Mundo, o término do mandato dos diretores do BC ocorrerá em datas alternadas. "É normal esse escalonamento nos BCs", diz Meirelles.
O economista José Júlio Senna, sócio-diretor da MCM Consultores Associados, diz que o descasamento dos mandatos dos diretores do BC se trata de um grande avanço para o país.
Em primeiro lugar, evita o estresse que ocorreu no mercado financeiro na última campanha presidencial em razão da ameaça de mudança da diretoria do BC. Além disso, também impede uma saída em bloco dos diretores.
Meirelles admite, dessa forma, a possibilidade de haver substituição de alguns diretores do BC nos próximos meses. O futuro presidente do BC garante, no entanto, que, no dia 2 de janeiro, ele irá começar a trabalhar com a atual diretoria. "Depois, vou ver quem está mais cansado, menos cansado, quem está com mais gás ou com menos gás", afirmou.
Meirelles disse ainda que só ontem começou a conversar com cada um dos diretores do Banco Central. Ele esteve ontem com Luiz Fernando Figueiredo, diretor de Política Monetária, que aceitou permanecer no cargo. Até então, Meirelles só tinha conversado com Armínio Fraga, atual presidente do BC.
Meirelles informou que ele e o futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, já começaram a discutir as propostas acerca do projeto de autonomia do BC. A intenção, segundo Meirelles, é de, assim que for possível, o governo encaminhar um projeto de lei do artigo 192 da Constituição, que regula o sistema financeiro, com a proposta de autonomia do BC.


Texto Anterior: Sistema financeiro: Tribunal condena Soros a pagar 2,2 milhões de euros
Próximo Texto: Diretoria tende a aceitar ficar no cargo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.