São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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CÂMBIO

Na semana, moeda norte-americana caiu 6,68%

PMDB fora do governo inverte a queda do dólar, que sobe 0,43%

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de câmbio ontem foi divido em dois momentos. Na abertura, o dólar abriu em forte queda e chegou a se desvalorizar 2,04%, ainda influenciado pelas boas notícias da quinta-feira. O otimismo acabou quando o futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu, anunciou que o PMDB, pelo menos por enquanto, não fará parte do novo governo.
O dólar fechou o dia em alta de 0,43%, cotado a R$ 3,49. Na semana, o dólar caiu 6,68%.
O risco-país caiu para 1.402 pontos, menor nível desde junho, e o C-Bond, principal título da dívida brasileira, subiu 1%.
A reação negativa do mercado foi atribuída ao aumento da dificuldade que o PT terá em aprovar as reformas previdenciárias, fiscal e tributária sem o apoio do PMDB. A declaração de Antonio Palocci, futuro ministro da Fazenda, de que a ruptura com o partido não atrapalhará as votações, foi feita só no final da tarde.
"O dia abriu tranquilo em todos os mercados, mas acabou ficando negativo em razão da não-concretização do acordo", disse Gilberto Kfouri, diretor de investimentos do BNP Paribas.
Para Maurício Zanella, do Lloyds TSB, a notícia ainda não é definitiva. "O PMDB é um partido de muitas vertentes e seria difícil contentar a todos. Do mesmo modo, há uma ala mais esquerdista do PT que vem se sentindo menosprezada. Mas acho que o partido encontrará um meio termo, sem uma ruptura interna, para costurar suas alianças e manter a unidade", disse .
A notícia de que o Banco Central aumentou de 65% para 84% o percentual de rolagem da parcela de US$ 2,6 bilhões de dívida atrelada ao câmbio que vence no próximo dia 2 ajudou a diminuir um pouco a alta. As taxas mais baixas (em torno de 20%) pagas pelo BC em relação às últimas rolagens podem, segundo investidores, ter um efeito positivo nas próximas negociações.
Para os investidores, o resultado das captações no exterior feitas nos últimos dias por bancos como Itaú, Bradesco, HSBC e Votorantim surpreendeu positivamente o mercado. A entrada de capital e a pequena volta das linhas de crédito ajudaram para que o dólar acumulasse a desvalorização durante a semana.
"Se somente parte do ministério foi anunciado e as linhas estão voltando, podemos prever que teremos uma melhora das linhas para janeiro. Inclusive algumas empresas já estão conseguindo renovar parte de suas dívidas no exterior", disse Zanella.
Segundo Eduardo Fornazier, do Banco Santos, além das recentes notícias e da alta dos juros, é necessário que se crie fatores políticos favoráveis. "O dólar conseguiu romper essa semana a importante barreira dos R$ 3,50. A queda reflete uma melhora dos fundamentos econômicos, como por exemplo a continuidade do bom desempenho da balança comercial. Mas a queda ainda não é consolidada. O mercado continuará monitorando".


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