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CÂMBIO
Na semana, moeda norte-americana caiu 6,68%
PMDB fora do governo inverte a queda do dólar, que sobe 0,43%
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de câmbio ontem foi
divido em dois momentos. Na
abertura, o dólar abriu em forte
queda e chegou a se desvalorizar
2,04%, ainda influenciado pelas
boas notícias da quinta-feira. O
otimismo acabou quando o futuro ministro da Casa Civil, José
Dirceu, anunciou que o PMDB,
pelo menos por enquanto, não fará parte do novo governo.
O dólar fechou o dia em alta de
0,43%, cotado a R$ 3,49. Na semana, o dólar caiu 6,68%.
O risco-país caiu para 1.402
pontos, menor nível desde junho,
e o C-Bond, principal título da dívida brasileira, subiu 1%.
A reação negativa do mercado
foi atribuída ao aumento da dificuldade que o PT terá em aprovar
as reformas previdenciárias, fiscal
e tributária sem o apoio do
PMDB. A declaração de Antonio
Palocci, futuro ministro da Fazenda, de que a ruptura com o partido não atrapalhará as votações,
foi feita só no final da tarde.
"O dia abriu tranquilo em todos
os mercados, mas acabou ficando
negativo em razão da não-concretização do acordo", disse Gilberto
Kfouri, diretor de investimentos
do BNP Paribas.
Para Maurício Zanella, do
Lloyds TSB, a notícia ainda não é
definitiva. "O PMDB é um partido de muitas vertentes e seria difícil contentar a todos. Do mesmo
modo, há uma ala mais esquerdista do PT que vem se sentindo
menosprezada. Mas acho que o
partido encontrará um meio termo, sem uma ruptura interna, para costurar suas alianças e manter
a unidade", disse .
A notícia de que o Banco Central aumentou de 65% para 84% o
percentual de rolagem da parcela
de US$ 2,6 bilhões de dívida atrelada ao câmbio que vence no próximo dia 2 ajudou a diminuir um
pouco a alta. As taxas mais baixas
(em torno de 20%) pagas pelo BC
em relação às últimas rolagens
podem, segundo investidores, ter
um efeito positivo nas próximas
negociações.
Para os investidores, o resultado
das captações no exterior feitas
nos últimos dias por bancos como Itaú, Bradesco, HSBC e Votorantim surpreendeu positivamente o mercado. A entrada de
capital e a pequena volta das linhas de crédito ajudaram para
que o dólar acumulasse a desvalorização durante a semana.
"Se somente parte do ministério
foi anunciado e as linhas estão
voltando, podemos prever que teremos uma melhora das linhas
para janeiro. Inclusive algumas
empresas já estão conseguindo
renovar parte de suas dívidas no
exterior", disse Zanella.
Segundo Eduardo Fornazier, do
Banco Santos, além das recentes
notícias e da alta dos juros, é necessário que se crie fatores políticos favoráveis. "O dólar conseguiu romper essa semana a importante barreira dos R$ 3,50. A
queda reflete uma melhora dos
fundamentos econômicos, como
por exemplo a continuidade do
bom desempenho da balança comercial. Mas a queda ainda não é
consolidada. O mercado continuará monitorando".
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