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CONTAS PÚBLICAS
O governo federal obteve em novembro a menor economia para pagar juros da dívida (superávit primário)
Conta de corte de gastos do governo fica menos folgada
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal obteve em
novembro a menor economia de
receitas para pagamento de juros
da dívida (superávit primário) do
ano. Isto é, sobraram R$ 903,1 milhões do que foi arrecadado, sem
contar as despesas com os juros.
Apesar de ter superado em outubro a meta prevista para o ano,
que é de R$ 30,7 bilhões, o governo não sabe se a vantagem será
mantida até o final do ano.
É que dezembro é um mês tradicionalmente deficitário e ainda
existem R$ 3 bilhões de despesas
autorizadas pelo Tesouro que não
foram realizadas pelos ministérios. No ano passado, o déficit de
dezembro foi de R$ 4,9 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, disse que o
importante para o governo é
cumprir as metas formais com o
FMI, que incluem, além das contas do governo federal (Tesouro,
Banco Central e Previdência Social), o resultado das estatais, dos
Estados e dos municípios.
Há ainda a meta da LDO (Lei de
Diretrizes Orçamentárias): R$
36,7 bilhões. Tal meta foi revisada
no último acordo com o FMI para
R$ 38,2 bilhões. Até novembro, o
governo federal (sem estatais) já
havia acumulado R$ 34,6 bilhões.
Em novembro, houve um aumento de R$ 758 milhões nas despesas com pessoal por causa do
pagamento do 13º salário do funcionalismo dos Poderes Legislativo e Judiciário. A Previdência Social teve um déficit de R$ 2 bilhões
por causa da gratificação.
No mês passado, as despesas do
Tesouro foram de R$ 20,5 bilhões
e as receitas, de R$ 27 bilhões; R$
5,4 bilhões foram transferidos para Estados e municípios.
Guardia disse ainda que não há
certeza em relação ao volume de
gastos que será transferido para o
novo governo. Ou seja, despesas
de custeio e investimentos que serão contratadas neste ano, mas
que só devem ser pagas em 2003.
No início deste ano, a idéia era
deixar para 2003 cerca de R$ 8,5
bilhões, o mesmo total que foi
transferido de 2000 para 2001. Entre 2001 e 2002, foram repassados
R$ 13,5 bilhões, o que foi considerado excessivo. "Mas com certeza
será inferior ao que foi deixado de
2001 para 2002", disse Guardia.
O secretário do Tesouro esclareceu ontem que as reservas do governo para pagamento de dívida
devem chegar ao final do ano em
R$ 31 bilhões. "Outros R$ 10 bilhões são recursos livres que podem ser vinculados ao pagamento de dívida", disse.
Em novembro, Guardia havia
dito que o "colchão" do Tesouro
fecharia o ano com cerca de R$ 45
bilhões, o mesmo montante que
vencerá no primeiro trimestre de
2003. Ou seja, mesmo que o novo
governo não conseguisse vender
nenhum título para substituir os
que estão vencendo (uma hipótese extrema), ainda assim haveria
recursos em caixa.
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