São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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VIZINHO EM CRISE

Porta-voz da instituição afirma que será analisada proposta do governo nos primeiros dias de janeiro

FMI sinaliza acordo próximo com argentinos

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) deu ontem o primeiro sinal concreto de que pode fechar um acordo com a Argentina nas próximas semanas. O porta-voz do organismo, Thomas Dawson, disse ontem que o Comitê Executivo do Fundo analisaria, nos primeiros dias de janeiro, uma proposta do governo argentino de assinar um acordo de transição, que seria válido até o início do próximo governo, em maio de 2003.
"Os diretores-executivos concordaram que o Fundo consideraria esse pedido da Argentina, que poderia abrir caminho para um programa mais abrangente a ser adotado depois das eleições presidenciais", disse Dawson.
Nos primeiros cinco meses de 2003, a Argentina teria que pagar US$ 4,7 bilhões ao Fundo. Um acordo de transição, provavelmente, envolveria apenas a rolagem dessa dívida, sem dinheiro novo para o país.
Segundo o porta-voz do FMI, os diretores do Fundo planejam discutir o acordo no início de janeiro. "[Os diretores" esperam que, após essa data, um programa de transição possa ser fechado o mais rápido possível."
Esta foi a primeira vez em que se mencionou um programa de transição, que seria válido por cinco meses. Ontem, às 21h (22h em Brasília), a equipe do ministro Roberto Lavagna (Economia) estava em reunião. A assessoria do ministério informava que o porta-voz do ministro poderia fazer um pronunciamento.

Meio termo
Assinar um acordo de transição pode ser uma saída para a falta de consenso entre o Fundo e o governo argentino. Na Argentina, a avaliação é que o Fundo resistia em fechar um acordo com o país porque entendia que o risco de o próximo governo não cumpri-lo seria muito alto.
Em novembro, o país deixou de pagar uma dívida de US$ 805 milhões com o Banco Mundial e afirmou que só poderia continuar pagando suas dívidas com os organismos multilaterais de crédito caso fechasse um acordo com o Fundo. O governo argumenta que a continuidade dos pagamentos esgotaria as reservas internacionais da Argentina.
Um programa de transição que não dependa do aval do próximo governo permitiria fechar um acordo e regularizar os pagamentos da Argentina ao Bird (Banco Mundial) e evitar que o país dê o calote no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O refinanciamento da dívida de US$ 4,7 bilhões com o FMI pode abrir caminho para que o governo argentino não deixe de pagar cerca de US$ 1,4 bilhão em dívidas com o Bird e o BID.


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