|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Porta-voz da instituição afirma que será analisada proposta do governo nos primeiros dias de janeiro
FMI sinaliza acordo próximo com argentinos
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) deu ontem o primeiro
sinal concreto de que pode fechar
um acordo com a Argentina nas
próximas semanas. O porta-voz
do organismo, Thomas Dawson,
disse ontem que o Comitê Executivo do Fundo analisaria, nos primeiros dias de janeiro, uma proposta do governo argentino de assinar um acordo de transição, que
seria válido até o início do próximo governo, em maio de 2003.
"Os diretores-executivos concordaram que o Fundo consideraria esse pedido da Argentina,
que poderia abrir caminho para
um programa mais abrangente a
ser adotado depois das eleições
presidenciais", disse Dawson.
Nos primeiros cinco meses de
2003, a Argentina teria que pagar
US$ 4,7 bilhões ao Fundo. Um
acordo de transição, provavelmente, envolveria apenas a rolagem dessa dívida, sem dinheiro
novo para o país.
Segundo o porta-voz do FMI, os
diretores do Fundo planejam discutir o acordo no início de janeiro. "[Os diretores" esperam que,
após essa data, um programa de
transição possa ser fechado o
mais rápido possível."
Esta foi a primeira vez em que se
mencionou um programa de
transição, que seria válido por
cinco meses. Ontem, às 21h (22h
em Brasília), a equipe do ministro
Roberto Lavagna (Economia) estava em reunião. A assessoria do
ministério informava que o porta-voz do ministro poderia fazer
um pronunciamento.
Meio termo
Assinar um acordo de transição
pode ser uma saída para a falta de
consenso entre o Fundo e o governo argentino. Na Argentina, a
avaliação é que o Fundo resistia
em fechar um acordo com o país
porque entendia que o risco de o
próximo governo não cumpri-lo
seria muito alto.
Em novembro, o país deixou de
pagar uma dívida de US$ 805 milhões com o Banco Mundial e afirmou que só poderia continuar pagando suas dívidas com os organismos multilaterais de crédito
caso fechasse um acordo com o
Fundo. O governo argumenta que
a continuidade dos pagamentos
esgotaria as reservas internacionais da Argentina.
Um programa de transição que
não dependa do aval do próximo
governo permitiria fechar um
acordo e regularizar os pagamentos da Argentina ao Bird (Banco
Mundial) e evitar que o país dê o
calote no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O refinanciamento da dívida de
US$ 4,7 bilhões com o FMI pode
abrir caminho para que o governo
argentino não deixe de pagar cerca de US$ 1,4 bilhão em dívidas
com o Bird e o BID.
Texto Anterior: Contas públicas: Conta de corte de gastos do governo fica menos folgada Próximo Texto: Fraudes do capital: Bancos dos EUA pagam multa de US$ 975 mi para arquivar processo Índice
|