São Paulo, terça-feira, 21 de dezembro de 2004

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VAREJO

Volume de consultas deve aumentar 6% neste ano em relação a 2003, mas lojas não repetem o desempenho de 1997

Venda de Natal cresce, mas não bate recorde

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelos dados já publicados até o momento já é possível afirmar que o aguardado Natal de 2004 está longe de "bater" o resultado de 1997 e, com isso, se tornar o melhor período para o varejo desde o início do Plano Real.
Embalados pela retomada, líderes do varejo haviam lançado campanhas de mídia que torciam por volumes recordes. Mas devem se decepcionar.
O período deve ter um desempenho, em volume de operações de venda (a prazo e à vista), superior ao de 2003. Também poderá ter resultado melhor do que o de 2000, segundo vários indicadores apresentados ontem.
Ao se analisarem os números da Serasa (Centralização de Serviços Bancários), as vendas do comércio no Brasil no último final de semana -que é o anterior ao Natal- registraram um crescimento de 5,7% nas vendas à vista e de 5,4% nas operações a prazo, em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, calcula-se que as vendas totais subiram 5,6% na mesma base de comparação.
Ao olhar um pouco para trás, as vendas gerais em 2003 subiram até bem mais do que isso: 13,2% também no terceiro final de semana de dezembro em relação ao mesmo período de 2002, segundo pesquisa da Serasa.
Porém, o aumento de 2004 (5,6%) acontece em cima de uma taxa já elevada em 2003 (13,2%).
Explica-se: a grosso modo, se em 2002 o varejo registrou 100 operações de venda totais (parcelada e à vista), então, em 2003, ele verificou 113 e, em 2004, 119.
Ou seja, é expansão em cima de expansão. É a taxa, em termos absolutos, que é menor.
"Houve crescimento na atividade econômica e nos níveis de confiança do consumidor. A taxa não atinge os dois dígitos por conta de impedimentos relativos a melhoria na renda, que ainda patina", diz Marcos Abreu, gerente de análise setorial da Serasa.
Na avaliação da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), nos primeiros 15 dias do ano as vendas totais em São Paulo (a prazo e à vista) cresceram 6,1% e devem se manter nesse patamar de 6% até a chegada do Natal. Com isso, a expansão será próxima à verificada em 2003, quando as vendas do comércio cresceram 6% em dezembro.
Com isso, é possível afirmar que o comércio paulistano deve registrar uma alta de um dígito em cima de outra taxa já elevada no ano passado.
No entanto, segundo dados já divulgados, o melhor resultado para o comércio em sua história foi obtido nos anos seguintes ao Plano Real. Em 1997, por exemplo, as vendas totais (parceladas e à vista) cresceram 32,8%. Essa elevação aconteceu em relação a 1996, quando a expansão já havia sido de 15,8%.
Para chegar a essas conclusões, a ACSP e a Serasa recebem de seus associados dados sobre volume de vendas. Toda vez que um comerciante quer saber se aquela operação pode ser liberada, ele faz uma consulta às entidades para evitar risco de inadimplência. Cada vez que a consulta é feita, ela "cai" no banco de dados das instituições. A ACSP reúne dados da capital paulista, e a Serasa, do território nacional.
Economistas alertam que, como as entidades somam resultados só de operações de vendas, pode ser que o varejo tenha um volume maior de consultas, mas tenha faturado menos. Isso se, em cada operação, o cliente gastou pouco. Ou menos do que em outros anos. Mas as entidades ainda não têm dados finalizados sobre isso.


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