São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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comentário

Lula ainda não desceu do palanque

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A seis dias do Natal, Lula decidiu abrir seu saco de bondades e distribuiu presentes para as classes média e baixa, contrariando discurso ensaiado por sua equipe econômica logo após a reeleição de que em 2007 acabaria a gastança.
De olho no eleitorado responsável em grande parte por sua reeleição, o presidente recusou os argumentos de seus economistas e autorizou um novo mínimo de R$ 380.
No período eleitoral, as pesquisas mostraram que Lula sempre manteve um sólido apoio nas classes de baixa renda, fruto do aumento real de 13% concedido ao mínimo neste ano e do Bolsa Família.
Não satisfeito, procurou acenar também para a classe média ao garantir a correção da tabela do IR.
As bondades de Lula no final de seu primeiro mandato inviabilizaram, porém, o anúncio de seu pacote econômico, encomendado para tentar destravar o crescimento.
São medidas que implicam mais despesas para os cofres públicos, reduzindo o espaço para as medidas desenhadas para acabar com o baixo crescimento.
Agora, sua equipe terá de encontrar fonte de recursos para essas novas despesas criadas pelo presidente. A tradicional seria cortar investimentos.
Só que, nesse caso, seria o mesmo que destruir o discurso presidencial desde que ele foi reeleito: de que o país precisa aumentar o investimento para destravar o crescimento.
A outra saída é abandonar as medidas de cortes de tributos. Seria outro tiro no pé, argumentam os aliados do ministro. Afinal, para crescer, é essencial estimular o investimento privado. Para isso, um caminho é reduzir a carga tributária.
Lula sinalizou, na verdade, que ainda não desceu do palanque. Em vez de utilizar seu capital político e adotar medidas mais austeras, procura o caminho mais fácil para manter em alta sua popularidade.
Não percebe que pode estar sacrificando o tão almejado crescimento sustentável da economia ao vestir o figurino de Papai Noel. (VALDO CRUZ)


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