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comentário
Lula ainda não desceu do palanque
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A seis dias do Natal, Lula
decidiu abrir seu saco de
bondades e distribuiu presentes para as classes média e baixa, contrariando
discurso ensaiado por sua
equipe econômica logo
após a reeleição de que em
2007 acabaria a gastança.
De olho no eleitorado
responsável em grande
parte por sua reeleição, o
presidente recusou os argumentos de seus economistas e autorizou um novo mínimo de R$ 380.
No período eleitoral, as
pesquisas mostraram que
Lula sempre manteve um
sólido apoio nas classes de
baixa renda, fruto do aumento real de 13% concedido ao mínimo neste ano
e do Bolsa Família.
Não satisfeito, procurou
acenar também para a
classe média ao garantir a
correção da tabela do IR.
As bondades de Lula no
final de seu primeiro mandato inviabilizaram, porém, o anúncio de seu pacote econômico, encomendado para tentar destravar o crescimento.
São medidas que implicam mais despesas para os
cofres públicos, reduzindo
o espaço para as medidas
desenhadas para acabar
com o baixo crescimento.
Agora, sua equipe terá
de encontrar fonte de recursos para essas novas
despesas criadas pelo presidente. A tradicional seria
cortar investimentos.
Só que, nesse caso, seria
o mesmo que destruir o
discurso presidencial desde que ele foi reeleito: de
que o país precisa aumentar o investimento para
destravar o crescimento.
A outra saída é abandonar as medidas de cortes
de tributos. Seria outro tiro no pé, argumentam os
aliados do ministro. Afinal, para crescer, é essencial estimular o investimento privado. Para isso,
um caminho é reduzir a
carga tributária.
Lula sinalizou, na verdade, que ainda não desceu
do palanque. Em vez de
utilizar seu capital político
e adotar medidas mais
austeras, procura o caminho mais fácil para manter
em alta sua popularidade.
Não percebe que pode
estar sacrificando o tão almejado crescimento sustentável da economia ao
vestir o figurino de Papai
Noel.
(VALDO CRUZ)
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