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País crescerá 3,8% em 2007,estima BC
Previsão é bem menor que os 5% pretendidos por Lula; para este ano, órgão reduz expectativa de avanço do PIB de 3,5% para 3%
Diretor de Política Monetária afirma que a forma de a instituição estimular a
economia é garantir a previsibilidade da inflação
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois dos números decepcionantes do terceiro trimestre, o Banco Central reduziu
sua projeção para o crescimento da economia neste ano de
3,5% para 3%. Além disso, fixou
em 3,8% a estimativa para 2007
-bem abaixo dos 5% prometidos pelo presidente Lula.
Os números foram divulgados pelo diretor de Política
Econômica do BC, Afonso Bevilaqua. O economista evitou
polêmicas sobre os 5% de crescimento perseguidos por Lula e
disse que a previsão de 3,8% pode mudar, dependendo das medidas que o governo tomar para
estimular o crescimento.
"É uma projeção preliminar
feita com base nos dados que se
tem até este momento [ontem]", afirmou o diretor do BC.
Desde a sua reeleição, Lula tem
cobrado da equipe econômica
idéias que possam acelerar o
crescimento da economia. O
pacote para isso, que seria
anunciado hoje, foi adiado.
De sua parte, Bevilaqua minimizou o efeito que uma queda
nas taxas de juros poderia ter
sobre o reaquecimento da economia. "A política monetária
tem como objetivo controlar a
inflação. Isso contribui para o
crescimento no médio e longo
prazo. Muitas vezes existe uma
tentação de achar que tudo o
que acontece na economia é reflexo da política monetária."
O juro brasileiro está entre os
mais altos do mundo, mas tem
caído desde setembro de 2005.
A Selic passou de 19,75% ao ano
para 13,25%.
Segundo Bevilaqua, o que o
BC pode fazer para estimular o
crescimento é garantir a previsibilidade da inflação. "A partir
de um determinado momento,
não tem mais como o aumento
da previsibilidade contribuir.
Esse é só um dos componentes", diz. Para o economista, fatores como a elevada carga tributária e a excessiva burocracia
existente no Brasil prejudicam
a recuperação da economia.
Além disso, espera-se que o
comércio exterior continue
afetando negativamente o nível
de atividade. Nas contas do BC,
o país cresceria 3,9% neste ano
e 4,7% no ano que vem se as importações não estivessem aumentando numa velocidade
maior do que as exportações.
Questionado sobre os rumores de que estaria deixando o
cargo, Bevilaqua respondeu
que ouve "esse tipo de conversa
há pelo menos dois anos", mas
ressaltou que não poderia confirmar que continuaria no BC
enquanto Lula não definisse se
Henrique Meirelles continua
ou não na instituição.
Inflação
As projeções anunciadas ontem por Bevilaqua fazem parte
do relatório de inflação, documento divulgado pelo BC no final de cada trimestre com uma
avaliação sobre o comportamento da economia brasileira.
O texto mostra que, do lado
da inflação, o cenário traçado
pelo BC é positivo. Neste ano, a
expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) fique em 3,1% -abaixo
do centro da meta de 4,5%.
Se considerado um cenário
em que a Selic cai a 12% ao ano
até o fim de 2007, a inflação do
ano que vem, segundo o BC, ficaria em 4,3% -também abaixo da meta de 4,5%.
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