São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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País crescerá 3,8% em 2007,estima BC

Previsão é bem menor que os 5% pretendidos por Lula; para este ano, órgão reduz expectativa de avanço do PIB de 3,5% para 3%

Diretor de Política Monetária afirma que a forma de a instituição estimular a economia é garantir a previsibilidade da inflação


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois dos números decepcionantes do terceiro trimestre, o Banco Central reduziu sua projeção para o crescimento da economia neste ano de 3,5% para 3%. Além disso, fixou em 3,8% a estimativa para 2007 -bem abaixo dos 5% prometidos pelo presidente Lula.
Os números foram divulgados pelo diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua. O economista evitou polêmicas sobre os 5% de crescimento perseguidos por Lula e disse que a previsão de 3,8% pode mudar, dependendo das medidas que o governo tomar para estimular o crescimento.
"É uma projeção preliminar feita com base nos dados que se tem até este momento [ontem]", afirmou o diretor do BC. Desde a sua reeleição, Lula tem cobrado da equipe econômica idéias que possam acelerar o crescimento da economia. O pacote para isso, que seria anunciado hoje, foi adiado.
De sua parte, Bevilaqua minimizou o efeito que uma queda nas taxas de juros poderia ter sobre o reaquecimento da economia. "A política monetária tem como objetivo controlar a inflação. Isso contribui para o crescimento no médio e longo prazo. Muitas vezes existe uma tentação de achar que tudo o que acontece na economia é reflexo da política monetária."
O juro brasileiro está entre os mais altos do mundo, mas tem caído desde setembro de 2005. A Selic passou de 19,75% ao ano para 13,25%.
Segundo Bevilaqua, o que o BC pode fazer para estimular o crescimento é garantir a previsibilidade da inflação. "A partir de um determinado momento, não tem mais como o aumento da previsibilidade contribuir. Esse é só um dos componentes", diz. Para o economista, fatores como a elevada carga tributária e a excessiva burocracia existente no Brasil prejudicam a recuperação da economia.
Além disso, espera-se que o comércio exterior continue afetando negativamente o nível de atividade. Nas contas do BC, o país cresceria 3,9% neste ano e 4,7% no ano que vem se as importações não estivessem aumentando numa velocidade maior do que as exportações.
Questionado sobre os rumores de que estaria deixando o cargo, Bevilaqua respondeu que ouve "esse tipo de conversa há pelo menos dois anos", mas ressaltou que não poderia confirmar que continuaria no BC enquanto Lula não definisse se Henrique Meirelles continua ou não na instituição.

Inflação
As projeções anunciadas ontem por Bevilaqua fazem parte do relatório de inflação, documento divulgado pelo BC no final de cada trimestre com uma avaliação sobre o comportamento da economia brasileira.
O texto mostra que, do lado da inflação, o cenário traçado pelo BC é positivo. Neste ano, a expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fique em 3,1% -abaixo do centro da meta de 4,5%.
Se considerado um cenário em que a Selic cai a 12% ao ano até o fim de 2007, a inflação do ano que vem, segundo o BC, ficaria em 4,3% -também abaixo da meta de 4,5%.


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